Política Titulo Quarta mudança?
Com MDB na mira, Morando tem histórico de trocas partidárias

Prefeito de S.Bernardo é cotado para ser vice de Rodrigo Garcia; ele já foi filiado a PSB e PL, além de transitar dentro do tucanato

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
03/10/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Com nome cotado para ser vice na chapa encabeçada por Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo de São Paulo no ano que vem, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), tem em seu histórico político metamorfose partidárias que dão força a uma possível migração de legenda na busca de voos eleitorais mais altos.

Há alguns meses Morando tem se aproximado do MDB, sigla considerada favorita para indicação do número dois da chapa de Rodrigo – que será a patrocinada pelo atual governador João Doria (PSDB). O prefeito são-bernardense já se reuniu com o ex-presidente Michel Temer (MDB), teve agenda com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e até trouxe, na semana passada, o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB) para a solenidade de aniversário da Fábrica de Cultura.

Além do capital eleitoral e do potencial de arrecadação – é vice-presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados) –, Morando utiliza como credencial a fidelidade canina a Doria. É fato que o tucano praticamente remou contra a maré na eleição de 2018, quando Doria superou o então governador Márcio França (PSB) por margem apertada de votos. Porém, o passado mostra que Morando pulou de apoio a apoio.

Empresário do ramo de mercados, Morando emergiu na política de São Bernardo em 1996. Suplente de vereador à ocasião, contou com a aproximação com William Dib para exercer o mandato – vários vereadores foram convidados pelo então prefeito Maurício Soares (morto em março). À ocasião, Morando estava no PSB.

Em 2000, com Dib na vice de Maurício, Morando conquistou sua cadeira. Obteve 5.804 votos. O salto veio dois anos depois. Apadrinhado por Dib, já prefeito, se elegeu deputado estadual com 50.400 votos.

A primeira mudança política aconteceu três anos depois. Ele migrou para o PL, que tinha – e ainda tem – como expoente o ex-deputado federal Valdemar Costa Neto. À época, o Boy, como Costa Neto é conhecido, era liderança política expressiva, antes de ser abatido pelo escândalo do Mensalão. O casamento terminou pouco depois, quando Boy não concedeu o comando do diretório estadual a Morando. Seu destino foi o PSDB.

Pelo tucanato, se reelegeu deputado estadual em 2006, com 120.771 votos. O governador paulista era José Serra (PSDB) e Morando, figura constante nas agendas do então chefe do Palácio dos Bandeirantes. Quando Serra e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) entraram em rota de colisão em 2008 – Serra apoiou o então prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD), a despeito de Alckmin ser candidato à prefeitura de São Paulo naquela eleição –, Morando seguiu com Serra.

Foi naquele ano que Morando sofreu seu maior revés político ao perder a eleição para o ex-ministro Luiz Marinho (PT). E foi naquele pleito que o tucano virou as costas para Dib, afastamento que ocorreu ainda durante a campanha.

Em 2010, em seu terceiro mandato, decidiu se aproximar de Alckmin, que vencera a disputa pelo comando do palácio dos Bandeirantes. Foi alckmista de carteirinha até 2014, quando buscou se aninhar ao grupo do hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB) – à ocasião, Aécio era estrela do tucanato e quase havia derrotado o PT em nível federal. Os escândalos de corrupção contra Aécio fizeram Morando correr do bloco.

Na eleição de 2016, o fenômeno Doria fez com que Morando colasse sua imagem à do prefeito eleito no primeiro turno. Naquele ano, ganhou a eleição à Prefeitura de São Bernardo e adotou o estilo do correligionário: se vestiu de gari e disse que doaria parte do salário. Como dorista, até viu sua mulher, a deputada estadual Carla Morando (PSDB), formalizar pedido de expulsão do outrora aliado Aécio do PSDB – foi derrotado.

Ao Diário, a assessoria de Morando disse que a eleição do ano que vem não é prioridade. “A sua prioridade é continuar governando bem São Bernardo, com vem fazendo.”

Questionado se acredita que suas orientações políticas se balizam por quem está no poder, ele refutou a tese. “Enfatizo que as decisões políticas são objetivas, transparentes e claras. Não é procedente a afirmação de que apoia quem está no poder. Vale lembrar que na última eleição para governador (realizada em 2018) quem estava no poder era Márcio França e o prefeito Orlando Morando apoiou João Doria, que era o adversário de Márcio.” 




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