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MP vai apurar nepotismo no caso de irmão de Tite em cargo comissionado

Promotoria investigará fato de prefeito de S.Caetano manter familiar nomeado em autarquia municipal

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
07/08/2021 | 00:34
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DGABC


O Ministério Público informou que vai apurar possível prática de nepotismo no governo do prefeito de São Caetano, Tite Campanella (Cidadania). O Diário revelou na quinta-feira que o irmão mais velho do chefe do Executivo, Adauto Campanella (PSDB), ocupa cargo comissionado no Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental).

A Promotoria em São Caetano destacou que desconhecia a situação e que iniciará a investigação, através da chamada notícia de fato, depois de o Diário revelar o caso. Nessa fase, a apuração é preliminar e pode ou não resultar em abertura de inquérito e, posteriormente, em possível ação na Justiça. A tendência é a de que o Palácio da Cerâmica seja acionado pelo MP a prestar esclarecimentos.

O nepotismo é caracterizado quando são nomeados parentes do agente público até o terceiro grau, em linha reta (pai, mãe, avós ou bisavós ou filhos e netos), ou colateral, como no caso dos irmãos Campanella, para cargos comissionados de direção, chefia ou assessoramento. A regra, segundo entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), é aplicada tanto no âmbito da administração pública direta como na indireta, ou seja, em autarquias como o Saesa. Lá, Adauto ocupa o posto de assessor da superintendência 2, cujo salário bruto é de R$ 11.845,74 por mês.

Ex-parlamentar, o irmão do hoje prefeito já estava nomeado para o cargo quando Tite, eleito vereador e presidente da Câmara, assumiu o Paço interinamente devido ao impasse jurídico envolvendo a validade dos votos do ex-prefeito José Auricchio Júnior (PSDB), que foi o mais votado no pleito do ano passado, mas que teve a candidatura cassada com base na Lei da Ficha Limpa.

Ainda assim, a avaliação da advogada Fátima Miranda, especialista em direito administrativo, é a de que Adauto teria de ser exonerado do cargo quando o irmão, eleito presidente da Câmara no início do ano, assumiu a Prefeitura. Tanto Tite quanto Adauto podem responder por improbidade administrativa, o que pode levar o prefeito à inelegibilidade.

Ao Diário, Adauto, que é advogado, alegou que não vê a prática de nepotismo no seu caso. No entanto, confidenciou que colocou o cargo à disposição do prefeito. “Não vejo nepotismo nesse quadro porque não há nenhum nível de subordinação entre eu e o prefeito. A lei do nepotismo estabelece isso como requisito. Eu estou trabalhando em uma autarquia pública que tem gestão administrativa independente e autônoma. Aqui o prefeito não nomeia ninguém. Eu fui nomeado pelo superintendente (Rodrigo Toscano). De qualquer forma, eu avisei ao Tite que estou à disposição (para deixar o cargo). Não quero causar embaraço para ninguém”, argumentou Adauto, ao emendar que permanece no cargo.

Ele também citou casos semelhantes que ocorreram no passado e que não foram motivos de questionamentos dos órgãos de controle. “Se for levar a regra do nepotismo ao pé da letra, o Marcelo (Auricchio, irmão do ex-prefeito) não poderia estar (ocupando cargo comissionado) no governo do Auricchio esses anos todos”, exemplificou.

Procurado pelo Diário, o Palácio da Cerâmica não quis se manifestar sobre o caso. O município é o único da região que possui setor exclusivo de Controladoria-Geral do Município. 




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