Política Titulo São Bernardo
Manifesto contra fundão causa atrito entre base governista e Morando

Prefeito não gostou de postura de vereadores e tentou desmobilizar crítica aos deputados

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
22/07/2021 | 00:06
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Divulgação


O manifesto assinado por todos os 28 vereadores de São Bernardo com críticas ao aumento do fundo eleitoral, de R$ 2 bilhões para R$ 6 bilhões, gerou estremecimento da Câmara com o prefeito Orlando Morando (PSDB).

O Diário apurou que o tucano não gostou do movimento do Legislativo e que buscou desidratar atividade dos parlamentares marcada ontem à tarde, na sede da casa. Ele teria, inclusive, telefonado para alguns vereadores transparecendo contrariedade com a decisão – não à toa, agendou para praticamente no mesmo horário uma atividade com o secretário executivo de Habitação do Estado, Fernando Marangoni (DEM).

Interlocutores do chefe do Executivo comentaram que Morando interpretou como espécie de rebelião da Câmara, com desafio de seu poder junto aos vereadores. Ele vende ter controle absoluto sobre o Legislativo – e, até agora, a postura dos parlamentares corrobora com essa ótica, já que projetos de lei das mais variadas complexidades são aprovados sem discussão. A união de todos os vereadores, portanto, poderia ser um divisor de águas na relação.

Outro ponto que incomodou Morando com o manifesto foi a crítica velada ao deputado federal Alex Manente (Cidadania) presente na carta. Alex declarou ser contrário ao aumento do fundo eleitoral, mas votou a favor do reajuste, uma vez que o debate foi inserido na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Morando não só fugiu de comentar o tema de forma pública como, no fim da semana passada, fez duas agendas com Alex – uma de entrega de bases móveis da GCM (Guarda Civil Municipal) e outra de vistoria da pavimentação da Estrada do Marco Polo, ambas as obras custeadas por emenda do parlamentar federal.

Na tarde de ontem, nove vereadores concederam entrevista para ratificar o conteúdo do documento apresentado na terça-feira à sociedade. Estavam no hall da Câmara os vereadores Joilson Santos (PT), Lucas Ferreira (DEM), Getúlio do Amarelinho (PT), Afonsinho (PSDB), Fran Silva (PSD), Julinho Fuzari (DEM), Netinho Rodrigues (PP), Aurélio Bacelar de Paula (PSDB) e Almir do Gás (PSDB). Alguns avisaram que não conseguiriam comparecer, como Glauco Braido (PSD) e Estevão Camolesi (PSDB, presidente da Câmara), ambos por motivos de saúde, ou Eliezer Mendes (Podemos) e Roberto Palhinha (Avante), que viajaram. Mas outros nem sequer deram justificativas da ausência.

O discurso deles foi uníssono em críticas ao reajuste do fundo eleitoral, em especial pelo acréscimo em tempo de pandemia. Citaram que ouvem de suas bases eleitorais repulsa com a discussão. Alguns chegaram a lembrar da postura de Alex, mesmo sem mencionar o nome do deputado. “Deram uma pedalada e aprovaram (a alta do fundo eleitoral). Os 28 vereadores foram a favor do manifesto que questiona esse fundão. E tem deputado da cidade e da região que votou a favor. É preciso cobrar dele”, disse Netinho.




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