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Persistência leva andreense à Seleção

Aos 42 anos, Baby integrará time master de handebol
que vai jogar Sul-Americano, mas depende de verba

Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
20/11/2020 | 00:01
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Arquivo Pessoal


Cristiane de Jesus Souza dos Santos, mais conhecida como Baby dentro das quadras, tem quase dois terços da sua vida dedicada ao handebol. Desde o início, aos 15 anos, até hoje, com 42, defendeu muitas equipes, passou por muitas situações – de lesões a dispensas – e, com o apoio da inseparável e insuperável mãe, Maria do Carmo de Jesus Souza, sempre manteve um sonho: ser convocada para a Seleção Brasileira. Quis o destino que justamente em um ano atípico, muito afetado pela pandemia da Covid-19, o objetivo fosse alcançado – pelo menos parcialmente. Isso porque há algumas semanas a jogadora, que há quatro temporadas jogar por Ribeirão Pires, fosse chamada para defender o Brasil nos Jogos Sul-Americanos Master, em Santiago, no Chile, em março. Entretanto, para estar no grupo que vai à capital chilena, ela terá de viabilizar o próprio custeio e vem recorrendo até a rifas para juntar o montante necessário.

A atleta revela que, independentemente de qualquer coisa, nunca deixou de acreditar que seria possível. “Sempre tive dentro de mim esta vontade guardada de ser um dia uma atleta da Seleção, mas não falava nada porque muitas vezes as pessoas que estavam à minha volta não acreditavam nisso. Então guardei durante todos esses anos esse sonho só para mim. Este ano, devido à pandemia, não pudemos treinar e ficamos presos em casa. Na minha cabeça talvez este seja meu último ano jogando handebol. Mas sentia algo dentro de mim que falava mais forte que ainda não era hora. Continuei treinando, não parei um dia sequer, mesmo sozinha. Até que, numa manhã de quinta-feira, recebi uma mensagem do meu técnico dizendo que eu havia sido escolhida”, conta Baby, que entre festejos e alegrias, só lamenta um fato. “Minha mãe foi a pessoa que mais deu asas ao meu sonho de me tornar uma grande jogadora. Hoje, aos 42, eu alcanço a maior felicidade para um atleta, que é convocação para a Seleção Brasileira e, infelizmente, ela não está aqui para viver tudo isso comigo.”

Dona de currículo extenso, tendo passado por times tradicionais, como Santo André e São Bernardo, além de ter vestido as camisas de Itapevi e Osasco, a jogadora foi tetracampeã dos Jogos Regionais, tricampeã da Liga Paulistana, campeã dos Jogos Abertos do Interior, entre outras conquistas. Mas nenhuma delas equivale à mais recente de todas, que foi a convocação. “(Ter sido convocada) É um sentimento que nem sei como explicar. Comecei a chorar, a agradecer a Deus e o pensamento foi na minha mãe. O quanto eu gostaria que ela estivesse aqui para ouvir isso. Foi alegria muito grande. Parece que o chão tinha sumido debaixo dos pés, era como se estivesse flutuando. A vontade era sair para a rua e gritar: consegui! Eu sou da Seleção”, admite.

Andreense e moradora do Jardim Ipê, em Mauá, Baby agora corre contra o tempo para viabilizar sua viagem. Isso porque a confederação master está sem patrocínio e as próprias jogadoras terão de arcar com os custos (incluindo alimentação e taxas), estimados em R$ 6.000. Por outro lado, a jogadora conta com o apoio de uma academia e uma loja de suplementos para dar sequência à preparação, contando os dias para, enfim, realizar seu sonho. “A minha expectativa está grande demais, a ansiedade está grande demais, porque quase todas as meninas que estão indo já pegaram Seleção, não é a primeira ou segunda convocação. Mas para mim é tudo novo, é a primeira e pretendo continuar (sendo chamada). Estou contando os minutos. Quero e peço a Deus que possa chegar lá e fazer meu máximo”, projeta.

No fundo, ir para o Chile será mais do que realizar um sonho, mas consagrar a relação entre Baby e o handebol. “Já joguei com tênis que não era do meu número, emprestado pela treinadora. Passei por muitas coisas. Mas foi pelo amor que sinto por esse esporte. Estar ali dentro das quatro linhas me faz conseguir esquecer toda a dor, tristeza e dificuldade aqui de fora”, encerra a jogadora. 




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