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Concessionárias sob risco de demitir 900

Caso quarentena siga inalterada, projeção é que nove revendas fechem no Grande ABC

Por Flávia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
14/05/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Caso a quarentena siga inalterada até o fim do mês, a projeção é que 30% das concessionárias fechem as portas no País, segundo Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores). Na região, o Secabc (Sindicato dos Comerciários do Grande ABC) estima que o setor tenha 3.000 empregados, sendo 2.500 diretos e 500 indiretos, distribuídos em cerca de 30 lojas. Assim, nove revendas podem falir, representando perda de aproximadamente 900 postos de trabalho.

Assumpção baseou o percentual nas vendas de carros novos em abril, que caíram 75,97% em relação ao mesmo mês de 2019 – de 231,9 mil para 55,7 mil veículos. Em todo País, são 7.300 estabelecimentos, sendo que 2.190 estariam ameaçados de encerrar as atividades. De acordo com ele, as concessionárias representam 5,12% do PIB (Produto Interno Bruto) do País.

Na avaliação do coordenador do Conjuscs (Observatório de Empreendedorismo, Políticas Públicas e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, a crise gerada pelo avanço do coronavírus é de grande magnitude, uma vez que obrigou a paralisação quase que total das atividades econômicas. “Segmentos como a cadeia automobilística sofrem muito porque são bens de alto valor e que podem ter suas compras adiadas pelas famílias e empresas”, assinalou.

Neste momento, um dos principais problemas enfrentados pelo setor é a falta de liquidez. Por este motivo, a Fenabrave está pedindo ao Ministério da Economia a disponibilização de linhas de crédito que possam chegar rapidamente aos concessionários.

Para Conceição, seria essencial a criação de financiamento para toda a cadeia automotiva, com juros próximos de zero e carência de pelo menos 12 meses. A iniciativa deveria ser do governo federal, com liberação de crédito entre R$ 40 bilhões e R$ 70 bilhões, sob condição de manutenção de empregos. “A médio e longo prazos, logo que a crise sanitária possibilitar a saída das famílias para suas atividades, é recomendável programa de incentivo às vendas, que poderia estar associado a uma revitalização ou rediscussão do Rota 2030 (programa federal de incentivos à cadeia automotiva).”

Além disso, sugere criação de programa nacional de renovação e reciclagem da frota de veículos. “O ideal é que tivéssemos redução de impostos e margens das empresas para que isso estimulasse, na saída desta crise, a renovação da frota de veículos e a geração de emprego e renda para toda a cadeia produtiva.”

Oficinas funcionam, mas com medidas de segurança

A Assobrav (Associação Brasileira de Distribuidores Volkswagen), que possui cinco concessionárias cadastradas no Grande ABC, destaca que a parte de oficina dos estabelecimentos funciona normalmente, dado que o decreto estadual permite. Em relação à parte de vendas, a expectativa é que normalize de acordo com o calendário da fábrica da Volkswagen, que prevê retomar as atividades no dia 18.

Mesma postura é adotada pelas duas concessionárias da Mercedes-Benz instaladas na região. Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing caminhões e ônibus, afirmou que a empresa mantém o atendimento em oficinas e área de peças, com adoção de medidas de segurança. Para reduzir o volume de pessoas na loja, o departamento de vendas está trabalhando em regime de plantão e home office. 




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