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Voluntários levam alegria aos hospitais da região
Felipe Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
25/04/2010 | 07:00
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Piadas, brincadeiras, bate-papo e maquiagem são alguns dos remédios nada convencionais que grupos de voluntários levam a pacientes internados em hospitais do Grande ABC. Exemplos de trabalho como este são desenvolvidos por alunos do curso de Medicina da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), funcionários da construtora M.Bigucci e um grupo de senhoras da AVCC (Associação de Voluntários de Combate ao Câncer) de Santo André.

Segundo o coordenador do ambulatório de Oncologia Pediátrica da Faculdade de Medicina do ABC, Jairo Cartum, o principal benefício trazido pelos voluntários é o lazer que proporcionam aos doentes. "É possível notar que os pacientes acabam tendo uma melhora no seu quadro clínico quando passam a receber essas visitas surpresas dos grupos."

Para o aposentado Homero Capozzi, 80 anos, internado no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, com problemas urológicos, a visita dos alunos de medicina da FMABC é fascinante. "Eles deixam nossos dias mais alegres e engraçados", afirmou.

"Estava um pouco desanimada, mas quando vi quatro meninas fantasiadas de palhaças minha noite ficou muito melhor", disse a dona de casa Clotilde Siqueira, 41, também internada no Hospital Mário Covas com suspeita de trombose.

CRIANÇAS - No setor de Oncopediatria da FMABC, crianças e adultos se divertem com os funcionários da M.Bigucci. Os voluntários se fantasiam de palhaço para levar alegria aos meninos e meninas e tornar um pouco mais leve o ambiente do hospital.

A dona de casa Adriana Tomochigue, 38, de Rio Grande da Serra, comparece ao menos duas vezes por semana com seu filho Daniel, 10, na oncologia. Ela acredita que as poucas horas que o filho tem acesso à diversão trazida pelos "palhaços" ajudam no andamento do tratamento da criança. "Tem dia que meu filho chega bem triste, mas quando as moças começam a fazer as brincadeiras ele acaba se divertindo, assim como outras crianças", comentou.

A dona de casa Terezinha Rosa Correa, 44, que também leva o filho Mateus, 5, para se tratar no setor de oncologia do FMABC, é outra que elogia os voluntários. Ela diz que Mateus até esquece do tratamento graças às brincadeiras. "Quando chega em casa, ele conta para os amiguinhos o que os palhaços fizeram. Fica muito animado". disse Terezinha.

Trabalho reduz o tempo de internação dos pacientes

Para especialistas em humanização hospitalar, a mudança no ambiente traz benefícios como a redução do tempo de internação e melhora do bem-estar geral dos pacientes e funcionários. Como conseqüência, o hospital também reduz seus gastos.

"As pessoas que estão internadas também precisam de uma opção de lazer. As visitas de palhaços e contadores de histórias acabam transmitindo uma energia positiva para os pacientes", contou a psicóloga Eliani Onno, autora de livros sobre humanização hospitalar.

Segundo o coordenador do ambulatório de Oncologia Pediátrica da Faculdade de Medicina do ABC, Jairo Cartum, os trabalhos de humanização hospitalar são uma forma de deixar o ambiente, principalmente da oncologia, mais leve. "De forma lúdica e alegre, os recreadores acabam interagindo com os pacientes e conseguem também estreitar os laços de amizade com crianças e adultos", destacou.

Cartum disse ainda que as pessoas muitas vezes se sentem motivadas para ir ao tratamento na oncologia. "Como eles sabem que vão encontrar um grupo de palhaços à espera deles para fazer as brincadeiras, chegam mais contentes e acabam se divertindo antes e depois do tratamento", finalizou.

Estudantes de medicina viram palhaços

O grupo Sorrir é Viver nasceu em 2005 na Faculdade de Medicina do ABC, formado por estudantes do curso de Medicina. Desde que surgiu, já integraram o projeto mais de 100 universitários. Atualmente, são 44 integrantes.

Os alunos passam por uma orientação teatral, mas o objetivo não é formar artistas profissionais, e sim dar aos estudantes meios de entrarem em contato com pacientes através do lúdico. Os próprios voluntários são responsáveis por cuidar da maquiagem e das fantasias, além de ter de arcar com os custos de transporte e refeições.

Após fazerem o curso, os novos alunos são distribuídos por grupos já existentes e visitam semanalmente o Hospital Estadual Mário Covas, o Ambulatório de Especialidades da FMABC, o Centro Hospitalar Municipal e a Casa Ronald McDonald do Grande ABC (que desenvolve trabalho com crianças com câncer). O serviço voluntário é feito sempre após as aulas.

A vice-coordenadora do projeto, Gabriela Takayanagi Garcia, 20 anos - aluna do 3º ano e que interpreta a palhaça Sara Serpentinah Despiroqueta - destaca que participar do grupo é uma complementação para sua formação. "O trabalho busca humanizar o estudante e também levar conforto aos pacientes através de brincadeiras", afirmou.

Bruna Santo Silveira, 22, estudante do 4º ano de medicina que interpreta a palhaça Mademoiselle Madame Biba Biriba, revela que o projeto foi aprovado pela Lei Rouanet. "Com essa aprovação agora as empresas podem investir no nosso trabalho para ele crescer", pontuou.

Construtora mantém projeto desde 2004

A construtora M.Bigucci iniciou o Big Riso em 2004 nos setores de oncologia pediátrica de três hospitais públicos da região. O programa é aberto para os funcionários da empresa e também para pessoas de fora. O intuito é um só: ajudar a melhorar a vida de crianças com câncer que estão em tratamento médico. Atualmente cerca de 50 voluntários trabalham no projeto.

Segundo Roberta Bigucci, diretora da empresa e coordenadora do Big Riso, o objetivo é fazer as pessoas esquecerem um pouco o sofrimento. "Nosso objetivo é dar carinho e alegria aos pacientes"destacou.

As voluntárias Thais Teles, 23 anos (a palhaça Acerola), Mônica Afonso, 22 (Tangerina), e Fernanda Silva,19 (Docinho), são responsáveis por animar o ambulatório de Especialidades e Oncopediatria da Faculdade de Medicina do ABC.

Para Docinho, o trabalho no Big Riso é uma forma de levar descontração para os pacientes. "As pessoas acreditam que após realizarmos o trabalho, iremos sair tristes do hospital, mas é totalmente o contrário. É muito gratificante quando a gente consegue fazer as crianças sorrirem durante o tempo em que elas ficam na clínica", ressaltou.

O projeto está presente em dois hospitais do Grande ABC (além da Faculdade de Medicina do ABC, os voluntários atuam também no Hospital Estadual Mário Covas) e um em São Paulo (Hospital do Servidor Público Estadual).

Entidade faz maquiagem e realiza leituras

O projeto de humanização hospitalar da AVCC (Associação dos Voluntários no Combate ao Câncer) de Santo André nasceu em 1997. A primeira instituição onde o grupo atuou foi no Hospital do Câncer, em São Paulo. Depois de 13 anos de atividade, já são cerca de 200 voluntários.

Segundo a presidente da entidade, Clotilde Dib, o objetivo do projeto é aumentar a autoestima dos pacientes. "É um trabalho que nunca vai parar de crescer. Nossa missão é levar alegria aos pacientes", ressaltou. O grupo faz maquiagem em doentes (e também os ensina a se pintarem), realiza leituras e faz brincadeiras.

A aposentada Maria Neide Pavão, 62, trabalha há dez anos na entidade e diz que participar de um projeto como esse é gratificante. "Não é um trabalho fácil, mas poder passar uma energia positiva para os pacientes e vê- los sorrir é a melhor parte do nosso dia", comentou.

Atualmente, a AVCC atua em mais sete hospitais do Grande ABC.




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