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Bourbon Street brinda seus 10 anos com festival
Por Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
16/11/2003 | 19:29
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Há dez anos, quando B.B. King inaugurou o clube paulistano Bourbon Street, a cidade, e por que não dizer, o Brasil, não tinha a dimensão de que estava ganhando um espaço que se tornaria referência em jazz e blues em toda a América Latina. A casa comemora sua primeira década a partir desta segunda-feira com a abertura do Bourbon Street Fest. Uma festa generosa que termina no fim de semana com shows gratuitos na rua dos Chanés e no Parque do Ibirapuera.

A capital musical do estado de Louisiana, New Orleans, é a justa homenageada. Da cidade, que inspira decoração e programação do Bourbon, vêm os destaques do festival: a cantora Marva Wright e as bandas Preservation Hall Jazz Band e Dirty Dozen Brass Band.

Ao todo serão sete atrações que representam os gêneros musicais mais significativos de New Orleans: jazz tradicional, blues, zydeco, gospel, rhythm n’ blues, soul e brass band.

Marva Wright, uma autêntica big mama, é também conhecida como a rainha do blues de New Orleans, sua cidade natal. Marva tomou contato com a música na igreja, cantando gospel ao lado da mãe, que era cantora e pianista. Tornou-se solista de vários corais, tanto em igrejas como em rádios e TVs. Hoje é presença obrigatória em festivais de jazz em todo o mundo.

Dona de uma voz poderosa, Marva sabe excitar as platéias com suas interpretações emotivas e explosivas. Seu repertório, bem dançante, combina a melancolia do blues com a sensualidade da soul music e os ritmos originais de New Orleans. Além de composições próprias, ela também costuma interpretar clássicos de mestres como B.B. King e Muddy Waters, entre outros.

Fundada em 1952, a Preservation Hall Jazz Band virou atração turística em New Orleans. Assistir a uma apresentação da banda em sua sede é programa obrigatório. Como nos tempos de Louis Armstrong, Sidney Bechet, Jelly Roll Morton e outros mestres do New Orleans Jazz (hoje mais conhecido como jazz tradicional), a música da Preservation Hall Jazz Band é centrada nos improvisos dos solistas, geralmente um trumpete ou um clarinete. O repertório reúne clássicos como When the Saints Go Marching In, Petite Fleur e Summertime. O resultado é alegre e dançante.

A Preservation Hall Jazz Band também corre o mundo em freqüentes turnês internacionais. No Bourbon Street Fest, a banda vai se apresentar com os músicos John Brunious (trumpete), Ralph Harold Johnson (clarinete), Rickie Monie (piano), Ben Jaffe (baixo) e Joseph Lastie Jr. (bateria).

Também tem peso histórico para o gênero a Dirty Dozen Brass Band. No final dos anos 70, essa inovadora banda de metais revolucionou um gênero musical próximo de ser extinto: a música tradicional dos funerais de New Orleans. Para torná-la mais contemporânea, a Dirty Dozen Brass Band introduziu ritmos como o funk, o R&B, o rock e o jazz moderno, mais especificamente, o bebop.

A DDBB nasceu em 1977, como banda de metais patrocinada pelo Dirty Dozen Social and Pleasure Club de New Orleans. Uma tradição da cidade, esses clubes forneciam bandas para tocar em funerais de seus membros.

Com o tempo a Dirty Dozen passou a ser imitada por outras bandas desse gênero, mesmo depois de ter sido criticada, inicialmente, por músicos mais conservadores. Sua originalidade também não demorou a ser reconhecida fora de New Orleans. Além de ter brilhado nos principais festivais de jazz nos Estados Unidos, a Dirty Dozen já se apresentou em mais de 30 países, incluindo festivais de grande prestígio, como o de Montreux, na Suíça, e o North Sea, na Holanda. Também já participou de gravações de vários artistas de sucesso na música pop, como David Bowie, Elvis Costello e Black Crowes.

No ano passado, a banda comemorou em alto estilo seus 25 anos, com o CD Medicated Magic, seu nono álbum. As gravações contaram com participações de grandes nomes da música de New Orleans, como Dr. John, Irma Thomas e Allen Toussaint, além da nova estrela pop Norah Jones, do trompetista de jazz Olu Dara e do DJ Logic.

No Bourbon Street Fest, a Dirty Dozen Brass Band se apresentará com Roger Lewis (sax barítono e soprano, flauta), Kevin Harris (sax tenor), Efram Towns (trumpete e flugelhorn), James McLean (guitarra), Terrence Higgens (bateria), Julius McKee (sousafone) e Revert Andrews (trombone).

Essas três principais atrações poderão ser conferidas no domingo, a partir das 16h, em frente ao Bourbon (rua dos Chanés, 194). Antes, no sábado, às 16h, a praça da Paz no Parque do Ibirapuera recebe, além da Brass Band, Jabial Reed and the Baptist Church e Dwayne Dopsie and the Zydeco Hellraisers.

Jabial é também vocalista do trio Nu Beginnings, o que deve render uma canja de suas colegas. A performance representa o gênero gospel no festival. Já o acordeonista Dwayne Doopsie mostrará o zydeco, uma espécie de forró norte-americano. Aos 24 anos ele é considerado uma das grandes revelações do gênero que aprendeu a dominar com seu pai Rockin‘Dopsie, morto em 1993.

Para os shows que acontecem durante toda a semana no clube os ingressos variam entre R$ 18 e R$ 95. Mais informações e a programação completa podem ser vistas no site do evento (www.bourbonstreetfest.com.br) ou pelo telefone 5095-6100.




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