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Juíza adia audiência de pedreiro com bala no cérebro
Por Rafael Ribeiro
do Diário do Grande ABC
18/09/2012 | 07:00
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Acusado de tentativa de homicídio contra policiais militares no Jardim Santo André, em Santo André, o pedreiro Rogério do Amaral Góis, 39 anos, vai aguardar mais um mês para saber se deixará o CDP (Centro de Detenção Provisória). Por ausência de testemunhas consideradas cruciais para o processo, sua audiência, que deveria ser realizada ontem no Fórum municipal, foi adiada para 24 de outubro.

Conforme revelou o Diário, Góis teria sido vítima de assalto no dia 25 de fevereiro. Ao tentar chamar a atenção de viatura que estava parada, foi baleado na nuca por Daniel dos Santos Vieira, 32. Na reação, os policiais militares dispararam 56 tiros contra seu Escort branco. Um deles atingiu sua testa e a bala ficou alojada no cérebro.

O pedreiro ficou com sequelas graves. Perdeu a memória e a capacidade de fala. Precisa de tratamento neurológico, fonoaudiólogo e fisioterápico.

O objetivo do advogado Jeferson Antônio Galvão era que a juíza Milena Dias visse o estado de Góis. Mas nem isso foi possível. Todos os quatro policiais arrolados como testemunha não compareceram. Assim como Naílson Ferreira de Lima, 22. Ele estava com o pedreiro no carro no dia do crime. Mas assustado com a violência, voltou para o interior pernambucano e dará seu depoimento por escrito. Como ainda não chegou, a defesa concordou no adiamento da data.

"O Rogério (Góis) é inocente e o depoimento dele (Lima) vai comprovar isso. Vamos provar que, além do Rogério ser inocente, precisa urgentemente de tratamento médico que o Estado não pode dar", disse Galvão.

Apenas duas testemunhas, vizinhas ao local do crime, foram ouvidas, ambas da acusação. As sete pessoas restantes que falariam pela defesa tiveram a oitiva adiada. Familiares de Góis compareceram ao local e saíram decepcionados. Segundo eles, seu estado de saúde segue grave, com uma infecção no ouvido e perda do movimento das pernas.

"Repudiamos essa decisão de adiarem. Deixar uma pessoa que está morrendo presa sem ao menos julgá-la, passando fome e outras necessidades, é desumano. A juíza poderia vê-lo ao menos", disse Risa do Amaral, 49, irmã do pedreiro.

A salvação pode vir da decisão do habeas corpus movido pela Defensoria Pública no TJ (Tribunal de Justiça) na Capital antes da nova audiência. Milena Dias indeferiu o primeiro pedido devido ao antecedente criminal por tráfico que manteve o acusado preso até 2009.




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