O Ministério Público recomendou à Prefeitura de Santo André a imediata e completa paralisação da reforma no Cine Teatro Carlos Gomes, na região central da cidade. Conforme o parecer dos promotores Fábio Luiz Rossi, de Meio Ambiente, e Fábio Henrique Franchi, de Habitação e Urbanismo, a administração terá prazo máximo de 60 dias para fazer todos os estudos técnicos considerados indispensáveis para que o prédio volte a ser como era antes das obras, iniciadas em dezembro e interrompidas há quase um mês.

Após a elaboração do projeto completo e integral de restauração, ainda conforme o Ministério Público, a Prefeitura terá 30 dias para submeter o documento à aprovação do Comdephaapasa ( (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André) e da população, por meio de audiências públicas. Só então a obra poderá ser retomada.

A administração terá ainda de fazer outro processo de licitação para determinar a empresa responsável pelas intervenções. Durante a execução do projeto, os promotores recomendam que o Comdephaapasa deverá acompanhar e fiscalizar a obra.

A Prefeitura informou apenas que após reunião com o Ministério Público, e em comum acordo, estabeleceu que será encaminhado projeto executivo para o Comdephaapasa. Ainda conforme a nota, assim que aprovado, a obra será retomada.

VITÓRIA

O movimento SOS Carlos Gomes considera o parecer dos promotores como vitória da população de Santo André. "Podemos dizer que a sociedade unida é a maior arma para garantir os nossos direitos. O esforço valeu a pena", garante um dos integrantes do grupo, o especialista em redes sociais Kleyber Panisa, 37 anos.

Há uma semana, manifestantes se reuniram em frente ao cine teatro, na Rua Senador Flaquer, e promoveram série de atividades culturais em nome da preservação do patrimônio. Artistas da região se apresentaram e houve exposição de fotos e vídeos, além de coleta de 3.000 assinaturas pela paralisação da obra.

O cine teatro foi o quinto cinema construído no Brasil. Aberto em 1912 na Rua Coronel Oliveira Lima, foi transferido para a Rua Senador Flaquer em 1925. Recebeu a primeira reforma em 1947 e, em 1990, foi declarado de utilidade pública. Em 1992, foi tombado pelo Comdephaapasa. Em 2009, a Prefeitura decidiu fechar o local por problemas estruturais na parte elétrica e nos banheiros, além de infiltrações, falta de saída de emergência e de acessibilidade.