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FMI critica uso de subsídios agrícolas por países ricos
Por Da AFP
19/09/2002 | 11:48
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) criticou nesta quarta-feira a destinação, por parte dos países ricos, de cerca de US$ 300 bilhões aos subsídios agrícolas. Segundo o órgão, a cifra é seis vezes maior que a concedida em ajudas públicas aos países em desenvolvimento.

"Para cada dólar que ganha um agricultor nos países industrializados, US$ 0,30 chegam por meio de subsídios", destaca o economista chefe do FMI, Kenneth Rogoff, criticando este procedimento.

"Se todos os países suprimissem as medidas de proteção na agricultura, todas as regiões do mundo poupariam US$ 128 bilhões, e 75% desta soma beneficiaria os países industrializados, com os 25% restantes beneficiando os países em desenvolvimento", destaca o Fundo em seu relatório econômico semestral.

"Os países ricos, graças às economias substanciais que poderiam realizar desta maneira, poderiam aportar uma ajuda maior ao desenvolvimento", destaca o relatório.

Os subsídios agrícolas "envolvem custos consideráveis para consumidores e contribuintes dos países industrializados e para produtores de bens de consumo em outras partes do mundo, incluindo muitas regiões pobres", conclui o relatório.

Em 2001, a ajuda entregue aos agricultores dos países ricos foi equivalente a 31% dos ingressos agrícolas destes mesmos países. Entre as Nações industrializadas, a Nova Zelândia (1%) é a que menos concede subsídios agrícolas, e a Suíça é a que mais ajuda seus agricultores (69%).

Segundo o relatório do FMI, 75% dos subsídios agrícolas são concedidos sob forma de apoio aos preços.

Os subsídios agrícolas dos países da União Européia representaram 35% dos ingressos no setor, muito acima dos 20% registrados no Canadá e Estados Unidos, destaca o Fundo.

Segundo cálculos baseados nos preços em vigor em 1997, a liberalização do setor agrícola permitiria aos países industrializados aumentar seus ingressos reais em US$ 92 bilhões ou 0,4% de seu PIB.

Os principais beneficiários de uma reforma deste tipo seriam os grandes produtores da Austrália, Canadá e Nova Zelândia, mas também os governos que mais concedem este tipo de ajuda, como a União Européia, Japão, Coréia do Sul, Noruega e Suíça.

Segundo o relatório do FMI, no período 1986-88 a média dos subsídios agrícolas nos países industrializados foi de 38%, contra 31% em 1999-2001. Esta redução foi possível principalmente graças a redução da ajuda no Canadá e Nova Zelândia.

No relatório, o FMI comemora as reformas propostas pela Comissão Européia sobre a política agrícola da UE, mas critica a mudança de rumo nos Estados Unidos, que em maio passado adotou uma lei concedendo US$ 180 bilhões de subsídios à agricultura nos próximos dez anos.




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