O infectologista e professor titular da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) David Uip assumiu ontem a Secretaria de Estado da Saúde e amenizou as críticas ao programa Mais Médicos, do governo federal. “O ministro (Alexandre) Padilha é meu amigo. Torço para que dê tudo certo.” Ele afirmou ainda que não é homem de política, mas sim de “políticas públicas”.

As declarações, mais amenas que as proferidas em entrevista exclusiva ao Diário em julho, foram feitas em coletiva logo após a cerimônia oficial de posse, no Palácio dos Bandeirantes, com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Uip disse ainda ser “um médico inconformado com as políticas públicas do Brasil.”

O infectologista assume o posto no lugar do radiologista Giovanni Guido Cerri, que, após três anos à frente da Pasta, pediu demissão no mês passado. “Acredito que fizemos um bom trabalho no período, com a inauguração de três novos hospitais estaduais e 14 AMEs Ambulatórios Médicos de Especialidades). Além disso, avançamos na questão das PPPs (Parcerias Público-Privadas) e na produção de medicamentos pela fábrica da Furp (Fundação para o Remédio Popular)”, afirmou Cerri.

Já Uip, que ocupou o cargo de diretor executivo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo e hoje é diretor do Hospital Sírio-Libanês, criticou a escassez de recursos do governo federal para a Saúde do Estado. “A União deveria contribuir com 60% da verba para a área, mas hoje, em todo o País, esse percentual está em torno de 43% e, especificamente em São Paulo, não chega a 30%.”

O secretário afirmou ainda que continuará investindo na ampliação da rede estadual de Saúde. “Mas não é só construir hospitais, e sim capacitar e integrar as 13 áreas profissionais envolvidas no cuidado ao paciente. Fazer Saúde pública é cuidar das pessoas, e não dá mais para esperar.”

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) destacou investimentos no Interior para criar leitos de longa permanência nas Santas Casas. As cidades de Pedregulho e Ipoã receberam 20 leitos do tipo cada. “A ideia é que esse projeto seja expandido para o restante do Estado. E não é voltado apenas para idosos, mas para todos que precisam passar mais tempo recebendo cuidados. Dessa forma, desafoga os hospitais, que podem receber mais casos de urgência.”

O governador também apontou como desafios da área a ampliação da Rede Lucy Montoro para pessoas com deficiência e do Instituto Butantã nas pesquisas para a vacina contra a dengue. Desafios que Uip recebe com empolgação. “Vamos às ruas, visitar hospitais e dar apoio aos funcionários. É assim que fazemos políticas públicas”, garantiu.