A cúpula do governo do Estado abriu negociações para formar frente oposicionista em Diadema, composta por PSDB e PV. A intenção é juntar no mesmo palanque o ex-deputado estadual José Augusto da Silva Ramos (PSDB), a parlamentar estadual Regina Gonçalves (PV) e o pré-candidato ao Paço Lauro Michels (PV). Ontem à noite, contudo, o acordo ficou longe de ser firmado, pois José Augusto e Michels não afinaram discursos e ratificaram candidaturas próprias ao Executivo.

No início da tarde, o trio participou de tensa reunião com o secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Sidney Beraldo (PSDB). O tucano afirmou que Alckmin desejaria ver todos defendendo mesmo projeto, como única forma de tirar a Prefeitura de Diadema das mãos do PT. Disse que o objetivo dificilmente seria atingido com três candidaturas: a de José Augusto pelo PSDB e a briga interna no PV entre Regina e Michels pela cabeça de chapa.

Ninguém abriu mão do protagonismo e travou as negociações. Regina quer o PV liderando o voo solo e até elencou série de defeitos de José Augusto para subsidiar sua análise. O ex-deputado retrucou os questionamentos, elevando a temperatura da reunião.

Braço-direito de José Augusto, José Dourado sugeriu a composição oposicionista lançando Maridite Cristóvão de Oliveira (PSDB), mulher do ex-parlamentar e ex-vereadora, em dobrada com Michels. A hipótese foi levada à outra reunião, realizada na noite de ontem sem a presença de Regina, que não pôde comparecer porque, relatora da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) do Estado, direcionou atenções à votação do texto na Assembleia.

A discussão da noite não avançou. José Augusto voltou a mostrar descontentamento pelo fato de Michels não tê-lo apoiado na eleição de 2010, quando não conseguiu renovar mandato na Assembleia. E, mesmo com grandes riscos de ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, o ex-deputado estadual sustentou presença na corrida eleitoral. As negociações devem se prolongar hoje.

Por nota, o PV de Diadema informou que a legenda não abre mão da candidatura própria encabeçada por Michels - posição sustentada publicamente por Regina desde o início das negociações para troca do candidato, reveladas pelo Diário em abril. A sigla disse aceitar composição com outras agremiações, desde que mantenha a cabeça da chapa.

Dourado despistou sobre a reunião no Palácio dos Bandeirantes, mas afirmou que Michels seria "um bom vice" para José Augusto. Michels participou da sessão de ontem, na Câmara, mas deixou o plenário sem dar entrevistas.

Cartada - O governo do Estado tem algumas cartadas a serem dadas para concretização da aliança. Uma delas é pressionar José Augusto, que está sem muito prestígio na cúpula tucana paulista. A outra envolve Regina, que só assumiu vaga na Assembleia porque Edson Giriboni (PV) foi nomeado secretário estadual de Saneamento. O Palácio poderia forçar retorno de Giriboni ao Legislativo e, com isso, empurrar Regina de volta ao mandato de vereadora.