Economia Titulo Automóveis
IPI menor dá fôlego a montadoras
Por Leone
Do Diário do Grande ABC
07/06/2012 | 06:48
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Andréa Iseki/DGABC


A retomada das vendas de veículos zero-quilômetro, que ocorreu em maio em consequência das medidas de incentivo do governo, vai possibilitar que as montadoras reduzam seus estoques de carros e normalizem a produção, sem a necessidade de recorrerem a cortes. O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, afirma que se houver demissões, nos próximos meses, serão pontuais.

No setor automobilístico como um todo, o volume de carros nos pátios das fabricantes ou nas concessionárias soma 45 dias atualmente, mesmo número registrado no fim de abril, segundo dados da Anfavea. Em junho, a sinalização é de que esse número de dias vai ficar abaixo dos 40.

O dirigente destaca a evolução das vendas do segmento, que teve ainda pouco tempo para se beneficiar da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - no caso dos modelos 1.0, o tributo caiu de 7% para zero - no valor dos carros e do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre as compras a prazo.

Isso porque o pacote do governo foi publicado, em decreto, no dia 22, e, nos dias seguintes, as companhias tiveram o trabalho de refaturamento das notas fiscais dos veículos destinados às lojas. Com isso, o reflexo nos números de comercialização deve aparecer de forma mais expressiva em junho.

E além do interesse do consumidor em adquirir os veículos novos com valor cerca de 10% menor, também houve destravamento do crédito, aponta a associação. Isso se traduziu em aumento das aprovações de fichas cadastrais por parte dos bancos. Antes, eram aprovadas 30% dos pedidos dos clientes enviados pelas lojas às financeiras, volume que subiu para algo entre 50% a 60%.

Com esses efeitos favoráveis, as vendas do segmento tiveram expansão de 11,5% em maio frente a abril e o volume produzido praticamente acompanhou esse crescimento, com alta de 7,6%.

No acumulado dos cinco primeiros do ano, no entanto, os licenciamentos ainda estão 4,8% menores que no mesmo período de 2011. As expectativas são de reação no segundo semestre, por causa do IPI menor, que vale até 31 de agosto, e também pelas seguidas diminuições da taxa básica de juros, pelo Banco Central. "A redução dos juros deve ajudar a reativar a economia como um todo", diz Belini

CAMINHÕES - O setor demonstra otimismo, de forma geral. A exceção são as indústrias de caminhões, em que há mais motivos de preocupação. Nessa área, a estimativa da associação é que os estoques giram hoje em 60 dias. "O setor de caminhões está sofrendo mais e dando férias coletivas e abrindo PDV (Programa de Demissão Voluntária)", diz Belini.

A Scania, por exemplo, já lançou PDV neste ano, que recebeu a adesão de 100 funcionários na fábrica de São Bernardo. Outra montadora, a Mercedes-Benz, adotou o lay-off, que é a suspensão temporária (até novembro) do contrato de trabalho de 1.500 funcionários na unidade localizada no município.

Apesar das medidas, associação vai rever metas para o ano

O setor automobilístico voltou a ter motivos para sorrir, em razão das medidas de incentivo do governo, mas, apesar do otimismo, a Anfavea deve revisar, no mês que vem, para baixo suas projeções de crescimento das vendas para 2012 frente ao ano passado.

Isso se deve ao início do ano com licenciamentos em câmera lenta, que faz com que o segmento dificilmente alcance a meta de comercializar 3,77 milhões de veículos neste ano, o que corresponderia a incremento de 4%. A dificuldade é que, para que esse montante se concretizasse seria necessário volume de vendas da ordem de 340 mil por mês até o fim do ano. "Recuperar a queda em sete meses é complicado", diz o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini. "Mas é possível."

 

EXPORTAÇÕES - O dólar mais valorizado (30% de alta desde setembro de 2011) ajuda os exportadores, porém as encomendas de veículos ao Exterior caíram 12,3% de janeiro a maio. Para Belini, o câmbio ainda deve gerar efeito favorável, mas existe lapso de tempo até a reconquista de clientes perdidos nos últimos anos, quando a taxa cambial era desfavorável. "Temos de reconquistar os mercados, isso leva tempo", afirma.

 

 




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