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Vereadores tentam privilegiar base eleitoral na vacinação contra Covid

Parlamentares da região propõem incluir grupos dos quais são ligados na lista de prioridades

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
27/03/2021 | 00:19
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DGABC


Em meio à lentidão da vacinação contra a Covid-19 no País e à escassez de doses recebidas pelos municípios, vereadores do Grande ABC tentam privilegiar grupos e categorias profissionais dos quais são ligados e até nutrem apoio eleitoral na fila da imunização.

As propostas variam desde projetos de lei que incluem determinados setores ou profissões na lista de prioridades no processo de vacinação a indicações meramente sugestivas aos prefeitos. As medidas ocorrem no momento em que a pandemia se agrava pelo Brasil e diante da confusa e morosa vacinação da população brasileira por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Também coincide com a explosão de casos de fura-filas.

Em Santo André, o vereador Renatinho do Conselho (Avante) idealizou indicação em que recomenda a inclusão de “farmacêuticos, atendentes de farmácias e de drogarias e assistentes sociais” no grupo prioritário da vacinação. Parlamentar em primeiro mandato, Renatinho foi conselheiro tutelar e é ativista social. O também vereador andreense Almir Cicote (Avante), atualmente licenciado do cargo, é autor de três indicações e, em uma delas, sugere o ingresso de líderes religiosos na dianteira da fila da vacinação – o parlamentar é ligado à Igreja Católica.

Policial militar, o vereador Rodolfo Donetti (Cidadania) propôs projeto de lei em que inclui na lista de prioridades do plano de vacinação várias categorias ligadas ao seu eleitorado, como policiais civis, militares e federais, GCMs (Guardas-Civis Municipais), agentes penitenciários, vigilantes e “todos os profissionais da segurança privada”. Já Ricardo Alvarez (Psol), que é professor, tenta classificar como prioridade “a comunidade escolar andreense”. Os dois projetos ainda não foram votados, mas nesta semana o governo do Estado anunciou que os trabalhadores das forças de segurança pública e da educação vão começar a ser vacinados no dia 5 e 12, respectivamente.

Empresário do ramo dos transportes, o vereador debutante Vaguinho do Zaíra (PSD), de Mauá, sugeriu ao Paço estender as prioridades do acesso à vacina aos “motoristas de transporte coletivo” – ele é dono da WS Transportes, com sede no município. Outro parlamentar mauaense que é empresário e também poderia ver seus próprios funcionários beneficiados é Jairo Michelângelo (PTB), que apresentou requerimento ao governo em que pede “o reconhecimento da classe de entregadores (motoboys, bikeboys etc)” como prioridades da vacinação. Michelângelo é dono de famosa pizzaria na cidade.

Em todos os projetos e indicações os parlamentares sustentam que as categorias que defendem estão mais expostas à contaminação pela Covid em razão do trabalho. O Ministério da Saúde já listou boa parte dessas categorias como prioridades no plano de vacinação, mas coloca à frente desse contingente parcela da população que ainda não teve acesso à vacina ou cujo grupo não foi inteiramente imunizado, como idosos com mais de 60 anos, deficientes, pessoas com comorbidades, em situação de rua, ou presos, por exemplo.  




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