De olho no transito Titulo
O império do automóvel

Cinco porcento do PIB brasileiro vêm da indústria automotiva...

Por Cristina Baddini
29/06/2012 | 00:00
Compartilhar notícia


Cinco porcento do PIB brasileiro vêm da indústria automotiva. Nunca se vendeu tanto carro no Brasil. Foram mais de 3,5 milhões de veículos novos no ano passado. Todos sabem que o automóvel, desde o século passado, tornou-se objeto de desejo, passando a concentrar os grandes investimentos públicos, alterando os deslocamentos, deixando as cidades mais espraiadas e caras. Com uma cadeia produtiva complexa, a produção de automóveis é responsável por 22,5% de toda a riqueza gerada pela indústria nacional. 

Pelo cenário de hoje, o poder aquisitivo aumenta, vendem-se mais carros, mais riquezas são geradas e começa tudo de novo. Para a Anfavea, até 2020 6 milhões de unidades serão vendidas por ano. O cenário que se desenha é caótico para qualquer parte do Brasil, seja em grandes capitais ou cidades de médio porte, o trânsito vai piorar muito.

Construir mais vias é enxugar gelo

Se o trânsito de carros aumenta, muitos pensam que a solução é construir mais ruas e avenidas mais largas. Ora, isso parece óbvio. Mas não é. Já se provou que não resolve e agrava o problema. Na verdade, se o trânsito está ruim, é porque a cidade está mal projetada. O transporte não motorizado não tem espaço nas cidades. As pessoas estão morando muito longe de onde trabalham e a ocupação urbana é mal distribuída. Também o transporte coletivo não é de qualidade entre casa e trabalho. Se essas questões não são resolvidas e simplesmente se alargam ou constroem mais avenidas, o resultado é que, como o trânsito melhora num primeiro momento, o mercado imobiliário não tarda a agir, e logo mais pessoas estão trabalhando num bairro e morando em outro bem longe, fazendo com que o trânsito piore novamente, agora com volume maior. Na Europa, ao contrário do Brasil, cresce o movimento de tirar o privilégio dos carros. 

Luz no fim do túnel 

A Lei 12.587, que instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, foi sancionada pela presidente Dilma no início do ano e, entre outros dispositivos de grande importância, estabelece a prevalência do transporte coletivo e dos modos de transportes não motorizados sobre o transporte individual nos sistemas viários de nossas cidades. Além disso, tem como objetivos a redução das desigualdades e promoção da inclusão social, do acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais e proporciona melhoria nas condições urbanas da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade, além de promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas cidades, o que fará toda a diferença em termos de políticas públicas para a mobilidade urbana.

A lei disciplina ainda os direitos dos usuários; as atribuições da União, dos Estados e dos municípios, além dos instrumentos de apoio à mobilidade urbana, entre outros pontos. O futuro, além de um bom transporte público, é dos carros compartilhados. Ou do transporte individual, mas com bicicletas, por exemplo. Ou com veículos elétricos, que circulem a 25 km/h transportando mais que uma pessoa. O futuro é da carona amiga. O futuro é do sistema integrado. O futuro é não precisar mais percorrer longas distâncias e fazer viagens malucas de três horas para chegar ao trabalho. Enfim, o futuro é com espaços urbanos como locais de convivência de toda a população.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;