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'Tropa de choque' política ganha reforço na tarefa de blindar a CBF
15/04/2018 | 05:40
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A eleição do novo presidente da CBF para o período entre 2019 e 2023 está marcada para esta terça-feira. Assembleia da entidade vai conduzir ao cargo o candidato único, Rogério Caboclo, advogado e administrador de empresas de 45 anos, nome relativamente novo se comparado aos antecessores. No entanto, velhas práticas da casa serão mantidas. Como a relação íntima com parlamentares ou pessoas muitas próximas a eles.

Atualmente sete cargos executivos da entidade, além de um com perfil mais técnico, são preenchidos por integrantes dessa tropa de choque política. A proximidade com o Congresso tem um objetivo claro: blindar a CBF e seus dirigentes de ter atos e manobras suspeitas escarafunchadas por investigações e CPIs.

Para isso, a tropa tem um reforço de peso: o lobista Vandenbergue Machado, homem ligado ao ex-presidente do senado Renan Calheiros, que presta serviço à entidade há cerca de duas décadas, desde os tempos de Ricardo Teixeira.

O mais novo integrante do time é Gustavo Perrella, filho do senador mineiro Zezé Perrella e ligado à CBF, que em janeiro assumiu o cargo de diretor de Desenvolvimento de Projetos. Ele estava no "mercado" desde o mês anterior, quando foi exonerado do cargo de Secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, do Ministério do Esporte.

Apesar dos cargos e de salários que não são inferiores a R$ 35 mil, mas pode chegar a R$ 100 mil mensais (a CBF não revela quanto recebem), são raras as aparições da turma da tropa de choque na moderna sede da entidade construída no nobre bairro da Barra da Tijuca. Somente o secretário-geral Walter Feldman, ex-deputado federal em três mandatos, bate ponto diariamente. Os outros estão mais para visitantes.

Duas pessoas que frequentam assiduamente o prédio, disseram ao jornal O Estado de S.Paulo que os vice-presidentes Marcos Vicente, Fernando Sarney e Gustavo Feijó só aparecem quando tem reunião de diretoria - normalmente uma vez por mês.

Porém, o filho do senador José Sarney, Fernando, tem trabalhado bastante. Depois que o hoje presidente afastado Marco Polo Del Nero se proibiu de sair do País com medo de ser preso por causa do escândalo de recebimento de propinas em contratos de marketing e de direitos de transmissão de TV, é ele quem tem representado a CBF na Conmebol e na Fifa.

A CBF não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a presença de tantos políticos nos seus quadros. Mas há quem reprove esse tipo de relação. "Há o conflito de interesses. Fica aquela situação: ele (o político) é um representante do contribuinte ou do agente privado? Aí vai se criando uma cultura que é o incompatível com a organização do futebol", entende o promotor Rodrigo Terra, no Ministério Público do Rio de Janeiro, que tenta impedir na Justiça a eleição desta terça-feira.

O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), crítico dos métodos da CBF, alerta: "As pessoas são livres. Mas participar de uma instituição cujo processo eleitoral é absolutamente hermético e de cartas marcadas não parece algo saudável".

Romário, que entre 2015 e 2016 presidiu a CPI do Futebol no Senado que investigou cartolas ligados à CBF, mas terminou sem nenhum indiciamento, considera que o problema não é ter parlamentar na entidade, mas maneira como atuam. "Sou contra aqueles que usam essa posição para barrar no Congresso qualquer legislação que exija mais transparência da CBF".




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