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Número de eleitores filiados cresce 6% no Grande ABC

Em meio à crise política, saldo de militantes saltou de 209,8 mil em 2014 para 221,9 mil neste ano; dentro do período, PT perdeu adeptos da sigla

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
23/04/2017 | 07:00
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O número de eleitores filiados no Grande ABC nos últimos três anos cresceu 5,75%. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a quantidade de votantes na região inscritos em partidos políticos saltou de 209.888 em 2014 para 221.970 atualmente.

O levantamento feito pelo Diário leva em consideração o período em que as crises política e econômica se intensificaram no País. Foi neste tempo que o Brasil registrou a eleição presidencial mais acirrada desde a época da redemocratização (1985), em outubro de 2014, e que viu o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Também foram nos últimos três anos que a Operação Lava Jato ascendeu e resultou na prisão de políticos graúdos e de grandes empresários.

Nascido na região, o PT perdeu 404 filiados nas sete cidades neste período. De 2014 para cá, o partido teve oscilação de adesões e saídas (confira tabela ao lado), mas o saldo final é negativo. Há três anos, a legenda registrava 52.829 petistas contra 52.425 hoje. A maior desidratação ocorreu no diretório de São Bernardo, presidido por Brás Marinho, que viu 256 filiados deixarem a sigla neste tempo, que coincide com a segunda gestão do irmão, o ex-prefeito Luiz Marinho (PT).

O único diretório petista que viu seu quadro de filiados alcançar a elevação dos números foi o de Mauá. Desde 2014, entre entradas e afastamentos do partido, a quantidade final se deu em 92 novos militantes. Por outro lado, a legenda perdeu filiados históricos, como o ex-vice-prefeito Márcio Chaves (hoje no PSD) e o ex-vereador Rogério Santana (Rede).

Para a cientista política Jacqueline Quaresemin, esse quadro se deve ao fato de figuras do petismo terem protagonizado escândalos de corrupção nos últimos anos, sobretudo na Lava Jato. “O desgaste do PT vem aumentando desde o impeachment porque o partido não conta mais com a visibilidade que tinha enquanto estava na Presidência”, frisou, ao apontar, porém, que há outras explicações. “Existem os que se filiam por conveniência, para compor base em disputas eleitorais e internas. Não tendo maior compromisso com o programa da legenda, estes se sentem mais livres para se desfiliarem”, completou.

Na contramão dos petistas, o PSDB ganhou 2.157 novos filiados nos últimos três anos. O impulsionamento no ninho tucano se deu entre 2015 e 2016, ano de eleição. Foi na corrida eleitoral de outubro que o tucanato venceu o pleito majoritário, pela primeira vez, em quatro cidades da região (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Rio Grande da Serra). A exceção do saldo foi em Diadema, que perdeu 52 filiados e não elegeu vereadores.

Já o PMDB, do hoje presidente Michel Temer, praticamente estagnou no Grande ABC nos últimos três anos. Apesar de conquistar duas prefeituras há quatro anos, os peemedebistas Paulo Pinheiro e Saulo Benevides, então chefes dos Paços de São Caetano e Ribeirão Pires, respectivamente, não conseguiram se reeleger no ano passado. O saldo atual é de apenas um filiado a mais do que em 2014.

‘Crises políticas estimulam o engajamento’

O próprio agravamento da crise na política brasileira pode explicar o aumento de filiados adeptos a partidos políticos no Grande ABC. Para a cientista política Jacqueline Quaresemin, é justamente neste período que a participação popular pode ser intensificada. “O agravamento de crises políticas faz com que as pessoas se posicionem. Se filiar a um partido é uma das formas de se posicionar. Mas é bom ressaltar que filiado não é necessariamente um militante. É preciso analisar as razões dessas filiações e o engajamento desses novos filiados”, avaliou.

Jacqueline cita ainda que a rejeição à política, evidente, por exemplo, com a vitória do empresário João Doria (PSDB) no primeiro turno da disputa pela prefeitura da Capital, não é fruto apenas do descontentamento com os escândalos de corrupção. “Isso ainda não traduz uma rejeição, pois as pessoas ainda buscam se informar. E se posicionar. Ou seja, há uma expectativa de que se faça uma limpeza nessa lama. Para tanto, faz-se necessário mudar a cultura de participação política. A maioria absoluta da população brasileira foi excluída das decisões políticas ao longo da história”, frisou.

As redes sociais, lembra a especialista, “estão, de alguma forma, abrindo espaço para um protagonismo”. “As pessoas sem grandes afinidades política ou ideológica a partidos, de algum modo, buscam participar do processo. Muitas das manifestações contra e a favor do impeachment, que ocorreram desde 2014, foram marcadas pela internet.

E não foi só a Avenida Paulista, na capital paulistana, que abrigou grandes atos políticos no último ano. A região também foi palco de diversas atividades que pediram a saída de Dilma Rousseff (PT) e até a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de atos, por sua vez, que defendiam a manutenção da petista e acusavam o processo de impeachment de golpe. Muitos deles ocorreram no entorno do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo.




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