Setecidades Titulo
Polícia ocupa o morro do Samba, em Diadema
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
12/07/2006 | 08:04
Compartilhar notícia


A polícia ocupou terça-feira as favelas do Morro do Samba, em Diadema, Jardim Ofélia, em São Paulo, e Jardim Luso, metade em cada uma das duas cidades. O elo entre as três favelas é Edilson Borges Nogueira. Condenado a 37 anos de prisão, Birosca, como é conhecido, ele teria ordenado de dentro da Penitenciária de Presidente Venceslau II, presídio de segurança máxima do interior, onde cumpre pena, a ordem para matar de cinco a 15 agentes penitenciários no último dia 26 nas imediações do CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Bernardo. A polícia descobriu o plano antes que ele fosse executado e matou 13 supostos integrantes da quadrilha durante uma troca de tiros.

A ação desencadeou na série de assassinatos de agentes penitenciários em São Paulo. Cinco funcionários foram mortos em emboscadas. A guerra teria sido declarada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) – que tem em Birosca um de seus líderes – em função do endurecimento no tratamento a presos dentro dos presídios. Durante a operação de saturação, a PM quer acabar com a influência que Birosca nas favelas. Segundo a polícia, o criminoso coordena da prisão o tráfico nesses locais. A informação é negada pelo advogado de Birosca, Cláudio Márcio de Oliveira, para quem o cliente é um “simples assaltante”.

Nenhuma das cinco condenações de Birosca são por tráfico de drogas. Independentemente disso, a polícia possui uma lista com 17 mandados de prisão de pessoas ligadas ao criminoso, todas moradoras do morro do Samba, no Jardim Ofélia ou no Jardim Luso.

A ocupação das periferias desencadeada pela Polícia Militar terça-feira pela manhã não tem prazo para terminar. “Vamos sufocar o tráfico nesses locais. Vamos marcar presença para inibir a venda e a compra. Sem fluxo de caixa, o comércio não resiste e acaba. Quando conseguirmos esse objetivo, vamos deixar a área”, afirmou o coronel Joviano Conceição Lima, responsável pela operação.

Os números que envolveram o primeiro dia da operação foram representativos: 456 policiais, 117 viaturas, 15 motos, 34 cavalos, três cães farejadores e o apoio de um helicóptero. Foram realizados ainda oito bloqueios para controlar o fluxo nos principais acessos de Diadema.

Nesta quarta-feira, o aparato será mais tímido. Bloqueios estão descartados e helicóptero só se houver necessidade. Dentre as três favelas, o morro do Samba é o alvo principal da operação. Foi a partir de lá que Birosca teria expandido seu domínio. A favela do bairro Serraria será a única que irá contar com a presença de policiais do Batalhão de Choque 24 horas por dia.

Nos Jardins Ofélia e Luso, a ocupação será feita por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), que se revezarão entre os dois morros. “A princípio, nós só iremos marcar a presença da polícia nesses locais. Só vamos entrar em ação caso percebamos alguma situação suspeita”, afirmou o coronel Lima, comandante da operação.

Essa é a sétima operação saturação que a PM realiza em favelas de São Paulo. Até então, o Grande ABC havia sido alvo de uma única ocupação, realizada na favela do Tamarutaca, considerado o principal ponto de tráfico de drogas de Santo André. Na favela, os trabalhos se estenderam por 17 dias e resultaram na prisão de 65 pessoas.

Quem é Birosca

Edilson Borges Nogueira, o Birosca, é dono de uma ficha criminal com cerca de dois metros. Domina o tráfico de drogas em três favelas, em Diadema e na Capital. Entre suas principais ações, estão um assalto a um avião pagador da TAM, em 1996, quando    foram levados R$ 5 milhões; o roubo à agência central do Banespa, em São Paulo, que lhe rendeu R$ 37 milhões, e o sumiço de outro malote em Brasília, desta vez transportado em um avião da Vasp, carregado com 63 quilos de ouro. Está preso desde 2001 e cumpre pena na Penitenciária II de Presidente Venceslau, no interior do Estado. Birosca é integrante do PCC e a polícia suspeita que tenha partido dele a ordem para executar entre cinco e 15 agentes penitenciários no último dia 26 nas imediações do CDP de São Bernardo. A polícia surpreendeu os criminosos e matou 13 supostos matadores.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;