Setecidades Titulo Clima
Tempestade causa transtornos

Com ventos de 96km/h, temporal paralisou circulação
de trens, provocou queda de energia e secou torneiras

Por Marília Montich
Natália Fernandjes
30/12/2014 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Um temporal com rajadas de vento de 96 km/h na madrugada de ontem causou estragos e transtornos aos moradores da região. Os principais prejuízos foram observados em Santo André, onde a queda de árvores resultou na paralisação da Linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) durante toda a manhã, além de interrupção do fornecimento de energia elétrica em diversas residências e comércios.

A árvore que caiu sobre a rede elétrica da CPTM em Utinga causou a interrupção da circulação de trens na Linha 10-Turquesa entre as estações São Caetano e Rio Grande da Serra até as 13h10. Neste período, foi acionada a operação Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência) com 100 ônibus da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), o que não foi suficiente para dar conta da demanda.

Na Estação Santo André, usuários aguardavam o restabelecimento do serviço do lado de fora. O auxiliar de produção Douglas Pereira, 26 anos, que trabalha no bairro da Lapa, na Capital, era um deles. “Entro no serviço às 14h e vou chegar atrasado. Mandei até foto para o meu supervisou pelo WhatsApp.”

O casal de gaúchos Fátima Dorneles de Lima, 48, e Luís Erion de Lima, 38, veio passar o Natal na casa de amiga em Santo André e ontem pretendia ir até a Luz, onde encontrariam um primo. “Vamos passar o Ano-Novo na casa dele, em Taboão da Serra. Não sabíamos que não tinha trem hoje (ontem)”, disse a contadora, que trazia malas de viagem.

Durante a tarde, a CPTM retomou o serviço, no entanto, com maior intervalo. Os trens operaram apenas entre as estações Brás e Santo André, onde foi necessária transferência entre as composições para chegar até Rio Grande da Serra. A normalização da linha, que recebe diariamente 360 mil usuários, só ocorreu no fim do dia.

De acordo com o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) a cidade registrou chuva de 34 milímetros e rajadas de vento de 96 km/h, o que causou queda de 65 árvores, inclusive no Parque Prefeito Celso Daniel, no bairro Jardim, que permaneceu aberto, no entanto. Oficina mecânica na Avenida Queirós Filho, na Vila Humaitá, foi interditada, mas não houve vítimas.

Na Rua Igino Scarpelli, no Parque Marajoara, a queda de árvore bloqueou três garagens. A dona de casa Tersília de Branco, 57, contou que há cerca de um ano os vizinhos acionaram o Semasa com receio de que a árvore pudesse cair, mas nada foi feito. A moradora não conseguia tirar o carro da garagem para levar o marido em sessão de radioterapia.

Já a dona de casa Joana Lucci, 55, que mora na Rua Arapuru, no Parque Jaçatuba, enfrentou a falta de energia por mais de 12 horas. O que também aconteceu na Vila Alpina, onde diversos comércios foram prejudicados. Um deles foi a bomboniere de Eduardo Stande, 27, que perdeu 70 litros de sorvete. “Os picolés aguentam um pouco mais, mas os potes de sorvete de massa estragam fácil fora da geladeira.”

Outro morador que enfrentou problemas foi o professor aposentado Roberto May Neto, 66, morador da Rua das Laranjeiras, no bairro Jardim. A queda de uma árvore sobre sua garagem destelhou parte do teto, danificou a cerca elétrica e a fiação, o que causou a queima de geladeira e rádio.

Em Mauá, a Prefeitura informou que choveu 30 milímetros e que houve 15 quedas de árvores, além de afundamento de terra no Jardim Itapark, sem vítimas.

Houve registro de queda de árvore na Rua Antônio Galo, no bairro Barcelona, em São Caetano, além de interrupção de energia em ruas do bairro Fundação.

São Bernardo registrou a queda de apenas uma árvore, na esquina formada pelas Ruas Rinópolis e Brasília, na Vila Vivaldi, sem vítimas.

A Sabesp informou que a falta de energia também interrompeu o abastecimento de água no Jardim Zaíra, em Mauá, e nos bairros Curuçá e Paraíso, em Santo André. Os casos de emergência serão atendidos pela Central 195, que funciona 24 horas.

Por meio de nota, a AES Eletropaulo justificou que possui 1.750 circuitos – redes de energia que interligam a fiação desde uma subestação até as casas – e que 92 deles foram desligados ontem. O restabelecimento está sendo realizado à medida em que as árvores caídas vão sendo retiradas e as equipes da distribuidora podem iniciar o reparo, incluindo substituição de equipamentos, postes e fiações elétricas.

A concessionária destaca também que as ocorrências são complexas, principalmente em virtude das árvores de grande porte que caíram sobre a rede elétrica e de um grande número de galhos e detritos. Não há previsão para o retorno da energia.

Quatro morrem atingidos por raio

Quatro pessoas morreram no início da tarde de ontem ao serem atingidas por um raio. A descarga elétrica caiu sobre um quiosque localizado na beira da praia no Canto do Forte, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Elas foram atingidas no exato momento em que procuravam se proteger dos fenômenos naturais.

As vítimas foram socorridas imediatamente pelo Corpo de Bombeiros e levadas ao Complexo Hospitalar Irmã Dulce, que constatou os óbitos. Outras quatro pessoas ficaram feridas e permanecem internadas.

A chuva forte também voltou a causar estragos em Santos, ontem. O temporal, acompanhado por raios e ventos fortes, começou por volta de 13h e durou aproximadamente 50 minutos. No bairro do Gonzaga, parte do telhado do Shopping Parque Balneário foi arrancado e as telhas ficaram espalhadas por ruas próximas, provocando a interdição da Rua Fernão Dias, local de entrada e saída do estacionamento. Alguns pedaços acabaram pendurados na fiação da rede elétrica e, por pouco, não atingiram as vitrines de lojas de rua em frente ao centro de compras.

Algumas árvores foram derrubadas na orla da praia de Santos. Há registro de barracas que foram carregadas pelo vento e muitos banhistas, surpreendidos pela virada brusca no tempo, tiveram de correr para procurar abrigo. Nos morros também houve problemas. Várias áreas estão em estado de atenção desde o temporal da semana passada. O caso mais preocupante, segundo a Defesa Civil, está no morro da Nova Cintra. No Noroeste da cidade houve vários pontos de alagamento.

Na esquina das avenidas Conselheiros Nébias e Dr. Epitácio Pessoa, no Embaré, a força do vento assustou moradores. Pessoas que transitavam pelo local, repleto de lojas e restaurantes, precisaram buscar abrigos sob marquises. O vendaval também causou problemas aos vendedores ambulantes da região. Barracas balançaram com as rajadas, mercadorias voaram e houve prejuízos. (do Estadão Conteúdo)

Capital tem 274 quedas de árvores

O temporal na madrugada de ontem também afetou a Capital. Segundo dados da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras da Capital, 274 árvores caíram, recorde histórico para um dia de chuva na cidade. A maior parte das quedas foi em bairros das zonas Sul e Oeste, atingindo inclusive grandes vias como as avenidas Brigadeiro Faria Lima e Ibirapuera. Naquela região, o Parque do Ibirapuera, que geralmente abre às 5h30, só funcionou no período da tarde.

A AES Eletropaulo distribuiu nota divulgando que 128 árvores atingiram a rede de distribuição, que, na maior parte do município, é aérea. Ainda segundo a empresa, mais de 3.000 raios atingiram a área de concessão.

Além das árvores, os semáforos também apresentaram problemas. Havia, por volta das 12h, total de 13 pontos com faróis defeituosos nas vias paulistanas, dos quais a maioria estava apagada – o que pode ter relação com a interrupção do fluxo de energia elétrica.

Os demais estavam funcionando no amarelo piscante, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). O órgão que gerencia o trânsito municipal também informou que em 76 locais semaforizados já estava sendo feita a manutenção dos aparelhos. A quantidade de locais com faróis quebrados corresponde a pouco mais de 2% do total de São Paulo, que tem 6.020 pontos com semáforos.

IBIRAPUERA

O Parque do Ibirapuera voltou a funcionar parcialmente na tarde de ontem, com a reabertura dos portões 2, 3 e 9. O local estava fechado desde o período da manhã em razão dos danos provocados pelo temporal. Pelo menos 25 árvores caíram no interior do parque durante as chuvas.

A Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Estado informou que o local só voltará a ser reaberto totalmente hoje. A interdição, segundo a Pasta, ocorre para a realização dos trabalhos de remoção das árvores. Danos materiais foram registrados no local, com a queda de uma árvore sobre o prédio da administração e também sobre estrutura no setor de eventos. (do Estadão Conteúdo) 




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