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Média-metragem é filmado em parques de Sto.André
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
25/06/2004 | 19:48
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Um média-metragem sobre “o voyeur dos parques públicos” começou a ser filmado nesta sexta em Santo André. Dirigido por Wilson Julião e Fábio Zerloti, Tomé é mais uma produção gerada pelos alunos da ELCV (Escola Livre de Cinema e Vídeo) da cidade. É também o segundo roteiro de Julião que sai do papel com ajuda do Fundo de Apoio à Cultura de Santo André – o outro foi o curta O Alvo que Queremos Virgens (2002), protagonizado pelo ator Antonio Petrin e dirigido por Diaulas Ullysses.

Cerca de 40 pessoas, a maior parte da equipe de apoio, estão envolvidas nesse projeto. Quatro são alunos da ELCV, que se formam neste mês, entre eles o roteirista e a diretora de fotografia Rose Miranda. As gravações se concentrarão em diversos parques da cidade e devem terminar no início do próximo mês. A previsão para a primeira exibição é meados de agosto.

“O Tomé é um personagem que está aí e a gente não percebe”, afirma Julião. Na história, o personagem-título (interpretado por Cássio Castelan) percorre os parques andreenses e pratica uma espionagem voluntária assim que ouve ou percebe situações com conotação sexual. Persegue pessoas nos banheiros, cantos escuros ou qualquer outro lugar que lhe provoque excitação. “Tem esse lance do olhar proibido”, diz a diretora de fotografia.

Em uma de suas investidas, o voyeur arruma briga e termina linchado. Entra em cena um estudante de cinema, que se sente atraído pela história de Tomé e deseja filmá-la. A partir daí, começa também um exercício de metalinguagem. “É uma reflexão sobre o cinema: o cineasta é o voyeur permitido”, afirma Julião.

Para realizar seu documentário e reconstituir a trajetória do homem espancado, o estudante conta com a ajuda de uma testemunha dos acontecimentos. No início, não percebe que está sendo auxiliado pelo próprio Tomé. “Começa um jogo, no qual o voyeur passa a virar cineasta, e o cineasta a virar voyeur”, diz o roteirista.

Tomé deveria se passar nas estações de trem, mas por causa das dificuldades em conseguir as locações o projeto teve de ser alterado. “Fizemos, então, a transposição da história para os parques, e acredito que o filme ganhou bastante com esta mudança”, afirma Julião.

O média-metragem é captado em equipamentos digitais. Seu custo ainda não foi totalmente dimensionado pelos realizadores – R$ 5 mil vieram do Fundo de Cultura.

Além de Julião, Zerloti e Rose, a equipe conta com David Santos e Rodrigo Souto (direção de arte), Paula Carrara e Alessandra Moreira (produção) e Pedro Lamana e Ângela Oliveira (assistentes de produção). “Já houve um grande amadurecimento de O Alvo que Queremos Virgens para cá. Esta equipe trabalha de forma homogênea, o que favorece até a criação de novas idéias para o futuro”, afirma Julião.




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