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Sem data para reabrir, teatro está esquecido

Patrimônio histórico de Santo André, Carlos Gomes está interditado desde 2008

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
24/03/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 O cenário de abandono, que por vezes se torna até mesmo ponto de descarte de lixo e entulho, em nada lembra o espaço que chegou a ser referência para o universo artístico da região em décadas passadas. Interditado desde 2008, aos 91 anos o prédio do Cine Teatro Carlos Gomes – patrimônio histórico de Santo André –, na região central do município, amarga situação de incerteza a respeito de sua reabertura, tendo em vista promessas frustradas de captação de recursos para reforma por parte das administrações passadas.

Diante da interdição do prédio pela Defesa Civil, sob alegação de problemas estruturais, foi assinado TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público ainda em 2013. O acordo foi necessário após a promotoria pedir a paralisação de obras iniciadas pelo ex-prefeito Aidan Ravin (PSB) sem autorização do Condephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André).

A promessa da gestão Carlos Grana (PT) era a de que o local seria reinaugurado em junho do ano passado, no entanto, o projeto de reforma – inscrito na Lei Rouanet (8.313/91) em 2013 com o objetivo de buscar apoio da iniciativa privada por meio de incentivos fiscais – não avançou. A expectativa era a de que fossem captados até R$ 9,1 milhões via Ministério da Cultura, tendo em vista projeto total de R$ 15 milhões para a reestruturação completa e transformação do espaço em espécie de arena multiuso com capacidade de 600 lugares, mas o processo de captação de recursos em empresas esbarrou na crise econômica nacional.

Questionada pelo Diário a respeito dos projetos para o local, a Prefeitura – agora sob responsabilidade de Paulo Serra (PSDB) – informou em um primeiro momento que “a reforma do espaço depende da aprovação de projetos pelo Comdephaapasa e, posteriormente, de captação de recursos”, sem informar, entretanto, se manteve o projeto antigo de reestruturação do espaço. Ontem, após novo pedido da reportagem, o Paço explicou que o “projeto básico do Cine Teatro Carlos Gomes é o mesmo que consta no processo desde 2016 e foi encaminhado neste mês para aprovação do Comdephaapasa. Foi acordado com o Ministério Público que, após a aprovação pelo conselho, o projeto será inscrito novamente na Lei Rouanet”.

Já em relação à limpeza no interior do Carlos Gomes, a administração destacou que o serviço estava programado desde janeiro para ser realizado e que teria início ainda neste mês, conforme calendário da Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos. Sobre a parte externa do espaço, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que realiza varrição diariamente e que, quando há descarte irregular de entulho na área, a remoção é feita no máximo no dia seguinte.  

Inaugurado em 1912 pelo italiano Vicenzo Arnaldi, o Cine Teatro ficava na Rua Coronel Oliveira Lima. Apenas em 1925 o equipamento cultural mudou para a nova sede, na Rua Senador Flaquer. O local foi palco para o tenor italiano Tito Schipa (1888-1965), em 1946, e já recebeu eventos com a presença de Hebe Camargo, além de mostras de cinema italiano, tailandês e francês.




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