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PM invade presídio para conter rebelião no Rio
Do Diário OnLine
05/06/2004 | 17:48
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O Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PM (Polícia Militar) do Rio de Janeiro invadiu na manhã deste sábado o presídio Milton Dias Moreira, parte do Complexo Penitenciário da Frei Caneca, para conter uma rebelião. A ação da PM durou cerca de 2h e terminou com um saldo de 11 feridos – um policial e dez detentos. Na sexta-feira, cinco presos conseguiram fugir das unidades Milton Dias Moreira e Pedrolino de Oliveira – que compõem o complexo.

A situação ficou tensa no Complexo Frei Caneca, localizado na região central do Rio. Parentes de presos protestaram pela suspensão da visita deste sábado e exigiram saber notícias dos parentes que estão presos. Os familiares tentaram a fechar a rua Frei Caneca, em frente ao presídio, mas foram impedidos pela PM.

A Secretaria de Administração Penitenciária do Estado afirmou que as visitas serão mantidas no sistema, apesar da greve iniciada pelos carcereiros. PMs e funcionários da pasta serão escalados para garantir as visitas.

Erro - Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, a rebelião foi provocada pela informação equivocada de que as visitas deste sábado seriam suspensas por causa da greve. De acordo com carcereiros, porém, o motim teve início porque os presos conseguiram romper os cadeados das celas e tomaram pavilhões da unidade. Um agente teria ficado refém dos amotinados.

Trinta homens do Bope invadiram a unidade por volta das 9h, logo após o início do motim. Os soldados dispararam tiros e soltaram bombas de efeito moral durante a ação, que foi taxada como violenta pelos amotinados.

Assim que a PM tomou o presídio, dezenas de detentos se posicionaram nas janelas e começaram a acenar para a rua com panos e cartazes - 'estão barbarizando' e 'SOS' foram algumas das mensagens escritas. O barulho dos tiros e a manifestação dos presos só fizeram aumentar a angústia dos parentes que estavam à espera da visita.

O PM foi ferido por uma pedrada na cabeça. O hospital central penitenciário informou que os 10 presos atendidos apresentavam ferimentos leves, provavelmente provocados por estilhaços das bombas de efeito moral.

Mau momento - A rebelião no Complexo Frei Caneca estourou logo no primeiro dia da greve iniciada pelos agentes penitenciários do Rio de Janeiro. A categoria parou por tempo indeterminado para exigir reajuste salarial e melhores condições de trabalho. A categoria reivindica aumento de 72% e exige do governo a contratação de mais 3 mil funcionários – há cerca de 1.600 carcereiros no Estado do Rio atualmente.

"A situação é insuportável", afirmou o presidente do sindicato, Paulo Ferreira. Ele relatou que há apenas dez agentes para cuidar dos 1.100 detentos do presídio Milton Dias Moreira, onde ocorreu a rebelião deste sábado.

Ferreira afirmou ainda que a adesão à greve é grande e engloba quase toda a categoria. O sindicalista precisou que nenhum funcionário dos complexos Frei Caneca e Bangu está trabalhando. Já a Secretaria de Administração Penitenciária divulgou que a adesão é "relativa" e se concentra mais intensamente nas duas unidades citadas por Ferreira.

O secretário de Administração Penitenciária do Estado, Astério Pereira dos Santos, lamentou a paralisação da categoria num momento de muita tensão no sistema carcerário estadual. Na semana passada, os presos da Casa de Custódia de Benfica promoveram uma violenta rebelião de 75h. Pelo menos 31 detentos foram mortos.




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