Política Titulo Investigação
MP aponta 30 ligações de Aidan para Calixto

Relatório cita contatos do ex-prefeito em um mês;
advogado ligou 468 vezes para assessor do socialista

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
10/05/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Num período de 13 dias, o ex-prefeito de Santo André Aidan Ravin (PSB) ligou 30 vezes para o advogado Calixto Antônio Júnior, acusado de integrar esquema de cobrança de propina para liberação de licenças ambientais no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Por quebra de sigilo no telefone do socialista, relatório de chamadas identificou a relação, usada como uma das provas na denúncia protocolada pelo Ministério Público na terça-feira. No processo, a Promotoria acusa Aidan de encabeçar quadrilha de extorsão e colocar o advogado para atuar ilegalmente na autarquia, cobrando valores indevidos.

A lista compreende tempo entre os dias 4 e 17 de novembro de 2011. “É elemento que indica a formação do grupo. Isso sem contabilizar o contato do Calixto com o assessor de gabinete (do Executivo, Antônio Feijó), que impressiona”, alegou o promotor Roberto Wider Filho, ao citar que foram 468 retornos do advogado. “Mostra que o Calixto estava prestando contas ao ex-prefeito de suas atividades exercidas no Semasa”. Segundo a investigação do MP e da Polícia Civil, o advogado trabalhava no sexto andar do prédio – onde fica a superintendência –, com status de chefe, a mando de Aidan.

Calixto entregou à Promotoria a conta do seu celular, o qual, segundo ele, servia apenas para conversas entre os envolvidos no sistema. Entre novembro de 2011 e fim de fevereiro de 2012, o advogado telefonou nove vezes para o ex-prefeito. Feijó, por sua vez, tinha acesso constante e ligou em outras 34 oportunidades, entre novembro de 2011 a janeiro de 2012 – há ligações que duram até 20 minutos. “O prefeito dava as ordens, mas não todas. Ele também terceirizava”, mencionou Wider, responsável pelo inquérito que denunciou Aidan, Feijó, Calixto e mais oito pessoas por corrupção.

Aidan justificou que, como prefeito, deixava o aparelho com a sua secretária no Paço e negou que o contato tenha partido de sua autoria. Segundo ele, a funcionária atendia “todas os telefonemas e cuidava dos recados”. “Eram 140 ligações por dia, em média. Não tinha condições, pois mantinha (número) telefone desde quando atuava (antes) como médico e vereador. Mas não havia esse volume enorme. Por algum problema aparece algumas ligações no mesmo horário, picadas, pequenas, o que não é normal.”

O socialista rechaçou qualquer proximidade com Calixto. Fala que teve contato apenas na campanha eleitoral de 2008. Existe, contudo, documento interno do Semasa que registra a paralisação de pagamentos – analisados a partir daquela data pelo advogado – a pedido de Feijó, por orientação de Aidan.




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