Economia Titulo Quebra de tradição
Dilma Rousseff posta discursos na internet sem grandes promessas

Presidente da República rompe com tradição do PT desde 2003 ao deixar de fazer pronunciamento na TV no Dia do Trabalho

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
02/05/2015 | 07:22
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A presidente Dilma Rousseff, pela primeira vez desde que assumiu o governo, em 2011, não fez pronunciamento na TV e no rádio no Dia do Trabalho. Com a decisão, ela rompe com tradição iniciada pelo PT no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Da última vez em que discursou em cadeia nacional, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher – sua primeira manifestação pública desde que foi reeleita – houve panelaços e vaias em todo o País. Ela então optou pela postagem de três vídeos nas redes sociais. Sem compromissos oficiais, Dilma passou o feriado com sua família em Porto Alegre (Rio Grande do Sul).

Em seus três vídeos, disponíveis no site do Planalto, diferentemente dos pronunciamentos dos anos anteriores, não houve grandes promessas. Quanto à terceirização, a presidente repetiu o que já havia dito no dia anterior, em que defendeu a regulamentação para o trabalho terceirizado, para que 12,7 milhões “tenham proteção e emprego, direitos trabalhistas e previdenciários e garantia de um salário digno”, mas que é preciso “manter a diferenciação entre a atividades-fins e meio nos vários setores produtivos”.

“É preciso assegurar ao trabalhador a garantia dos direitos conquistados nas negociações salariais. É preciso proteger a Previdência Social da perda de recursos e, assim, garantir sua sustentabilidade. O meu governo tem o compromisso de manter os direitos e as garantias dos trabalhadores”, afirmou.

Em sua outra postagem, Dilma falou sobre a valorização do salário mínimo, que cresceu 14,8% acima da inflação em seu primeiro mandato. “Mais de 45 milhões de trabalhadores e aposentados são beneficiados por essa política do meu governo.”

Ela destacou que em março encaminhou ao Congresso Nacional medida provisória que garante a continuidade da política de valorização do salário mínimo até 2019, e também medida a respeito da correção da tabela do Imposto de Renda. “Com ela, o trabalhador terá seu salário preservado e não irá pagar um imposto maior. Tudo isso vem garantindo um Brasil mais justo”, disse.

Ainda, em seu terceiro vídeo, a presidente ressaltou que o Brasil vive hoje em “plena democracia, por isso temos de nos acostumar às vozes das ruas, aos pleitos dos trabalhadores”, em referência à série de protestos que levaram quase 2 milhões de pessoas às ruas de todo o País em 15 de março. Em 12 de abril houve outra manifestação, com quase 700 mil. “Temos de nos acostumar a fazer isso sem violência e sem repressão. Para isso, nada melhor do que o diálogo franco e transparente entre o governo e a sociedade.”

DURANTE O MANDATO - No ano passado, o pronunciamento da presidente destacou a redução histórica na conta de luz. “Os investimentos que fizemos em geração e transmissão de energia permitem hoje ao Brasil superar as dificuldades momentâneas, mantendo a política de tarifas baixas.” O desconto, porém, durou pouco. no fim de 2014 as tarifas começaram a subir, com novo reajuste neste ano, além da taxa de uso de termelétricas, devido à escassez de chuvas, e o valor pago mais que dobrou.

Em 2013, sua fala focou a luta do governo na redução de impostos e diminuição de custos ao produtor e consumidor, e que ela não descuidaria nunca da inflação. Em março, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu 8,13% ao ano, na variação acumulada de 12 meses, a maior desde dezembro de 2003. Na época do discurso, a inflação oficial estava em 6,5% ao ano, teto da meta.

Um ano antes, o pronunciamento chamou atenção para as altas taxas de juros praticadas no País, e do esforço do governo em reduzi-las. Hoje, a Selic está em 13,25% ao ano; em abril de 2012, em 8,9% ao ano. É válido lembrar que, nesse mesmo discurso, Dilma anunciou a desoneração da folha de pagamento, medida que seu atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, classificou como uma “brincadeira que custou caro”.

Em 2011, quando assumiu a Presidência pela primeira vez, o tom de seu discurso era de comemoração pelo crescimento do emprego e da renda, e da economia sólida, “a forma como o Dia do Trabalho deve ser comemorado.” À época, o País colhia louros da retomada da economia após a crise de 2009, que propiciou geração de emprego, com base nas medidas de estímulo ao consumo, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) nos automóveis. 




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