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Na região, roubos de cargas crescem 22% em cinco anos

Desde 2015, de janeiro a julho, a média é de uma ocorrência por dia; cenário vai contra o observado na Capital

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
10/09/2019 | 07:00
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Pixabay


As cidades do Grande ABC ainda vivem realidade de índice alto nos registros de roubos de carga. Por dia, ao menos uma ocorrência do tipo é registrada na região. O número é referente ao período de janeiro a julho dos últimos cinco anos, quando 1.198 casos foram observados nos municípios da região.

Os dados, levantados no banco de dados de estatísticas criminais da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), mostram que a região teve crescimento de 22% no número de ocorrências na comparação com o primeiro semestre desde 2015. O cenário vai na contramão da Capital, ondem houve redução de 30% nos casos do tipo. Apesar da oscilação durante os últimos cinco anos, em 2015, a Capital apresentou 2.998 ocorrências, contra 2.091 em 2019.

Durante os meses analisados pelo Diário, o primeiro semestre de 2016 foi o período que apresentou menor número de ocorrências, com 165. Já 2018 foi o ano que teve maior índice nesse tipo de crime, somando 312 ocorrências de janeiro a julho.

Segundo especialistas, o aumento de casos na região está relacionado diretamente ao volume frequente do tráfego de caminhões de carga no Grande ABC, principalmente pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) e Rodoanel. Chama atenção, inclusive, a alta de ocorrências nos municípios cortados por estas rodovias, como São Bernardo.

O coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), David Siena, avalia que os trechos do Rodoanel que cortam o Grande ABC atraem cada vez mais caminhoneiros, que optam por evitar o congestionado trânsito das marginais, na Capital. “No SAI sempre houve esse cenário de crime. Para agregar, a novidade da década, os trechos e intermediações do Rodoanel acabam chamando atenção para o tráfego, o que acaba atraindo os crimes, principalmente na entrada e saída dos trechos”, comenta.

Além disso, Siena aponta como sugestão para reduzir os índices a extensão do Detecta (sistema de monitoramento inteligente do governo do Estado para a segurança pública) nesses trechos. “Podemos observar que roubo de veículos em locais com o Detecta apresenta queda, e não seria diferente com os roubos de cargas. Reforçar o monitoramento que já existe nessas regiões para prevenção com certeza vai ajudar a combater esses roubos”, pontua.

Já o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello comenta que a circulação de produtos roubados em cargas agrava cada vez mais o cenário. “Inicialmente, o problema está no receptor. Por exemplo, se a carga roubada for cigarro, bebida ou até carnes, às 15h, 15h30, já está sendo repassada aos comércios ou feiras de rua. Ou seja, sai de uma empresa que paga seus impostos e age corretamente e vai direto para empresas ilegais”, pontua. 

Lordello também observa que, muitas vezes, o aviso sobre entregas de mercadorias pode sair diretamente de dentro das próprias fábricas. “Para isso, aconselho as empresas a realizarem um recrutamento mais rigoroso. O criminoso não sai sem informações para roubar uma carga. Ele precisa de local e horário”, finaliza.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública esclarece que os casos de roubo de carga registram queda há 23 meses consecutivos em todo o estado de São Paulo. Somente na região do ABC, diminuíram 20,19%, de janeiro a julho deste ano – em comparação aos mesmos meses do ano passado. No período, 5.921 pessoas foram presas/apreendidas, 360 armas de fogo foram retiradas das ruas e 2.857 veículos foram recuperados.




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