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Sidney Sheldon: os caprichos de um fenômeno
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
07/01/2001 | 16:49
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A fórmula não muda há 17 romances. Mesmo assim, Sidney Sheldon, aos 83 anos, permanece entre os autores mais vendidos. No Brasil, seu rival é o mago Paulo Coelho e seu misticismo literário. No exterior, as histórias do aprendiz de mago Harry Potter, de J.K. Rowling, assumem a ponta entre os mais vendidos. Sheldon ainda resiste a cada ano em todas as listas de best-sellers e com seu novo lançamento, O Céu Está Caindo (Record, 352 págs., R$ 28), não é diferente.

Sheldon narra a história da jornalista Dana Evans. Depois de uma longa temporada em Sarajevo, na Bósnia-Herzegóvnia, ela volta para os Estados Unidos com um garoto órfão da guerra no país, adotado como seu filho. No trabalho, ela entrevista um jovem milionário candidato ao Senado, Gary Winthrop, de uma influente família. No dia seguinte, ele é assassinado em sua casa por ladrões de arte. Dana descobre que outros membros da família morreram em acidentes fatais. Ela investiga em vários países, reunindo peças de uma intriga internacional.

Sheldon é recordista de vendas no mundo (mais de 275 milhões de exemplares) e de traduções (51 línguas) há alguns anos. Não é feiticeiro nem alquimista mas mantém sua fórmula desde o primeiro êxito, O Outro Lado da Meia-Noite, de 1973, publicado no Brasil desde 1975.

O autor não se preocupa com a forma, mas com o impacto. Ou seja, ele escreve o que seus leitores esperam dele: sexo, violência, sedução, suspense, complôs e perseguições. Em suas palavras, Sheldon escreve sobre pessoas e suas “perversões e generosidades”, não sobre coisas.

Seus personagens trafegam em um anacronismo constante. Sheldon fala de gente rica e poderosa, que sofre traição, inveja, abandono, e os pratica na mesma medida. Seus cenários luxuosos são descritos como folhetos de turismo.

Sua fórmula é sonegar informação: descreve uma cena e deixa uma ponta solta, só resolvida no final, técnica de roteiristas de cinema e TV. Aliás, ele foi as duas coisas e até venceu um Oscar de roteiro pelo filme O Solteiro Cobiçado (1947), com Cary Grant. Suas criações mais famosas para a TV são Jeannie É um Gênio e o casal milionário abelhudo Jennifer e Jonathan Hart, ou Casal 20.

Sheldon nasceu em 1917, em Chicago, foi operário e locutor, entre outras atividades. Durante a Segunda Guerra, serviu na Força Aérea Americana. Após o conflito, foi para Nova York, e escreveu peças teatrais. Antes dos 30 anos, Sheldon tinha três musicais em cartaz na Broadway. Com o sucesso, dedicou-se também ao cinema. Em Hollywood, escreveu Desfile de Páscoa (1948), com Fred Astaire e Judy Garland, e foi produtor e diretor de O Palhaço que não Ri (1957), com Donald O’Connor no papel do comediante Buster Keaton.

O autor estreou na ficção com A Outra Face, em 1970, que o jornal The New York Times chamou de “melhor romance de estréia do ano”. Romances posteriores como O Outro Lado da Meia-Noite, A Ira dos Anjos, Capricho dos Deuses, As Areias do Tempo e Um Estranho no Espelho viraram telefilmes, bem como Lembranças da Meia-Noite, Se Houver Amanhã e O Reverso da Medalha, adaptados para minisséries.

Sheldon escreve ficção de puro entretenimento, que têm um eficiente boca-a-boca. O grande desafio é saber se venderia tanto caso ele assinasse com um pseudônimo.




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