Summerhill foi fundada em 1921 pelo professor escocês A.S. Neill, hoje falecido, mas cujos princípios educativos sao seguidos por sua filha, Zoe Readhead, que assumiu a direçao.
A carta oficial do Ministério de Educaçao chegou há duas semanas, conta a diretora desta pequena escola de Leiston (Leste da Inglaterra), que recebe 60 menores entre 8 e 16 anos de todo o mundo.
Após uma inspeçao, o Ministério decretou que o estabelecimento nao reúne "as obrigaçoes estatutárias de moradia, saúde e instruçao dos alunos" e intimou a diretora a se enquadrar nas regras no prazo de um ano. Caso contrário, a escola seria fechada.
Embora Zoe Redhead admita que alguns edifícios precisam de reformas, nao reconhece em absoluto a validade dos critérios educativos defendidos pelas autoridades.
Milhoes de leitores de todo o mundo devoraram nos anos 60 e 70 os livros de A.S. Neill, nos quais contava a vida dos "Meninos livres de Summerhill", autorizados a sair das salas de aula para tomar banho na piscina ou simplesmente repousar no jardim.
O folheto do colégio proclama que está "orgulhoso de nao ser uma fábrica de exames" e incentiva os alunos a trabalhar em disciplinas como o teatro e a música do mesmo modo que em matemática ou geografia. "Pedir que todos os alunos sigam regularmente os cursos, como faz o Ministério de Educaçao, é atentar inteiramente contra nossa filosofia", explica Readhead.
Segundo ela, o "sensacionalismo" do informe de inspeçao, junto com vários artigos jornalísticos que esboçam o indigno quadro de alunos nus na piscina do colégio na hora das aulas de matemática, representa um desejo de amordaçar uma instituiçao atípica.
Em Summerhill, cada decisao sobre a vida escolar é votada tanto por alunos como professores. Esta democracia tem um preço: os gastos escolares se elevam a 6.550 libras esterlinas por ano (US$ 10.152). "Summerhill é uma escola particular porque nenhum governo se propôs a financiá-la", responde Zoe Readhead às acusaçoes de elitismo.
A escola entregará amanha em Downing Street, a residência do primeiro-ministro Tony Clair, um imenso volume de cartas de protesto. "Estamos dispostos, se for preciso, a apelar à Corte Européia de Direitos Humanos", adverte a diretora. Quanto aos banhos nus na piscina, estao autorizados, já que "é uma questao de escolha pessoal", assegura.
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