Além dos conflitos religioso e político, o Grupo Amok Teatro pretende lançar novo debate sobre a questão Israel e Palestina por meio da peça O Dragão, que será apresentada amanhã e na sexta-feira no Teatro Elis Regina, em São Bernardo.

"O trabalho dá dimensão humana para aquilo que é tratado de maneira factual na mídia", explica a diretora da companhia, Ana Teixeira. Por meio de quatro personagens - dois palestinos e dois israelenses -, que vivenciam o mesmo atentado terrorista, são abordados testemunhos de horror, dor e morte.

O espetáculo se divide em quadros independentes, porém ligados. Um dos principais elos é a música que os acompanha. "É um elemento forte que ajuda a explicar o que não pode ser traduzido com palavras", afirma. Os instrumentos utilizados são típicos da cultura oriental, como alaúde e viola de gamba.

A montagem traz referências de documentários e artigos de israelenses e palestinos, conferências de Nurit Peled Elhanan - militante pacifista que perdeu filha de 13 anos em 1997 em atentado terrorista - e poemas de Mahmoud Darwich e Imad Saleh.

Quando questionada sobre posicionamento, Ana deixa claro que o espetáculo não levanta bandeira em termos políticos. "Tomamos partido das mães que perdem seus filhos nessa guerra".

Apesar da forma poética e linguagem contemporânea, Ana classifica O Dragão como teatro-documentário, caracterizado por ser direto e impactante. "É um gênero muito cru, que fala imediatamente do tempo de hoje para o homem contemporâneo", destaca.

O Dragão Teatro. No Teatro Elis Regina - Avenida João Firmino, 900, São Bernardo. Tel.: 4351-3479. Amanhã e sexta-feira, às 20h. Grátis.