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‘Parcelar o IPVA em dez vezes só em 2016’, admite Skaf

Em estreia de sabatina do Diário, candidato do PMDB reconhece que proposta precisa de aval da Assembleia e não pode ser executada de imediato

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
25/09/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Candidato do PMDB ao governo paulista, Paulo Skaf admite que sua proposta de parcelar em dez vezes a cota anual do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) só pode ser implantada em 2016, no segundo ano de eventual mandato. Skaf foi o primeiro dos três principais postulantes ao comando do Estado mais rico do País a participar de ciclo de sabatinas promovido pelo Diário, que mobiliza a equipe de Política e direção do jornal para ouvir as sugestões para São Paulo.

As assessorias das campanhas de Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição, e de Alexandre Padilha (PT) já foram contatadas para destrinchar seus planos de governo para os leitores do Diário.

“Não teremos tempo hábil de implantar no ano que vem, somente em 2016”, reconhece Skaf sobre a promessa de parcelar em dez vezes o valor anual do IPVA. O texto precisa ser avalizado pela Assembleia Legislativa.

Outra bandeira bastante defendida por Skaf é a Secretaria Especial do Povo, que, segundo o peemedebista, funcionará como “Pasta de diagnóstico e acompanhamento” dos problemas das periferias do Estado. “Será um setor enxuto”, detalha o candidato do PMDB, que também projeta cortar pela metade o número de servidores comissionados e a quantidade de secretarias no Palácio dos Bandeirantes – hoje são 26 Pastas na administração paulista.

Presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) reformula planejamento de fechar os presídios de São Paulo. Segundo ele, o investimento em Educação – principalmente em tempo integral – proporcionará condições futuras de diminuir a população carcerária estadual, assim reduzindo a necessidade de construção de vagas para presos. O deficit penitenciário do Estado é de 80 mil pessoas.

CONFIRA ABAIXO A ENTREVISTA COMPLETA

SECRETARIA DO POVO
“O que tenho constatado durante a campanha é a ausência do governo do Estado, principalmente em regiões carentes. Você vê lugares de situação precária, com muitos problemas relacionados ao esgoto e estrutura das casas. Na prática, essa realidade comprova a ausência do Estado, pois a carência não atinge apenas algumas pessoas de uma localidade, trata-se de milhões. Com este quadro, elaboramos esta proposta, que atuaria em equipe, para identificar esses problemas. Um órgão intersecretarial. Não pretendemos criar uma Pasta grande, apenas um grupo comprometido com a missão de realizar esse trabalho. Eu quero ser o governador e não deixar de lado essas pessoas. A ideia é conseguir um representante em cada comunidade para que atue como fiscal, realizando relatórios, para apontar qual necessidade mais emergente que precisa ser enfrentada. Como não terei tempo como governador para acompanhar essas regiões (in loco), preciso de alguém que faça. Penso em um setor enxuto e ligado diretamente ao gabinete. Será uma secretaria de diagnóstico e acompanhamento.”

CORTE DE SECRETARIAS
“Nosso plano é reduzir os gastos. Das 26 secretarias atuais, vamos baixar para 13. E a Secretaria Especial do Povo será uma delas. Por exemplo, hoje temos as Pastas de Planejamento e de Gestão. No nosso mandato, transformaremos em apenas uma. Quanto às demais, estamos estudando, mas dá para analisar outros setores. Administração Penitenciária, Segurança e Justiça são três secretarias do quadro hoje. Na minha visão, pode ser transformada em uma ou em duas (secretarias). Não quero ficar antecipando muito essas questões. Contudo, essa redução iremos fazer, pois, além de tudo, proporcionaremos economia e uma forma de melhor identificar os que trabalham. Acredito que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) consiga falar somente uma vez com um de seus secretários durante o mês. Eu gostaria de trabalhar diretamente com os 13 gestores, para assim coordenar melhor os trabalhos. Há, atualmente, 2.000 cargos comissionados (no governo) e nós queremos reduzir para 1.000.”

PRESÍDIO
“Países de primeiro mundo, como a Suécia e Noruega, investiram tanto em Educação que conseguiram, ao longo dos anos, ter problema que é o de pensar sobre o que será feito em prédios onde funcionavam os presídios. Eu pensei comigo: ‘Nossa, como isso seria fantástico acontecer em São Paulo’. Podemos fechar (os presídios) e pensar o que fazer com a estrutura. Lamentavelmente nossa situação hoje não é essa. Em curto prazo, temos é de construir mais. Temos 78 presídios, com 200 mil presos e uma capacidade carcerária para 120 mil pessoas. Esse quadro nos diz que precisamos fazer 80 espaços só para sanar esse deficit atual. O que quero dizer com isso? Vou investir pesado em Educação para transformar nossa cultura e, assim, em médio e longo prazo, muita coisa vai melhorar. Contudo, de imediato, vamos precisar trabalhar para estancar o problema. Como então já existem 19 projetos avançados, daremos sequência. Vamos começar pelo que tem na mão, tirar do papel e fazer.”

PREVENÇÃO ÀS DROGAS
Eu fiz recentemente reunião com grupo de usuários de crack que foi muito proveitosa. As pessoas contaram sobre suas vidas e experiências. E eu perguntei: ‘O que eles achavam que precisava ser feito?’ Eles me responderam, primeiramente, sobre a necessidade de fazer campanhas de prevenção, porque hoje existe uma epidemia e está aumentando muito. E segundo lugar, há o tratamento. Na visão de alguns deles, pode ser compulsório ou não. Porque muitos acham que o consumo do crack foi tanto que levou ao último estágio, deixando a pessoa fora de si. Outro grupo acha que é importante ter a vontade de sair dessa realidade. Eu analiso os dois como certo. Mas vejo a necessidade de abrir hospitais para tratar. Temos hoje 350 mil usuários no Estado e a minha ideia é envolver e fazer convênios com entidades filantrópicas, religiosas, que hoje fazem esse trabalho por conta.”

COMBATE AO TRÁFICO
“O crack, que é a pior das drogas, é produzido em laboratórios dentro do Estado. Feito com subproduto da cocaína, que vem do Exterior. Mas estão aqui a elaboração e a produção do crack. (Lidar com esse problema) É esfera mais de ordem federal. Contudo, se controlássemos as divisas dos Estados, seria muito bom. Já que entra o tráfico pelas divisas do Brasil, penso que cabe ao governador proteger seu Estado, trabalhando de perto nas fronteiras.”

ENSINO INTEGRAL
O Estado tem 5.600 escolas. Não vou conseguir colocar esse horário nos quatro anos. Porém, meu planejamento é para dez anos de gestão. Então, vamos colocar em ação. Há 2,2 milhões de estudantes no Ensino Fundamental. Nestes primeiros quatro anos, vamos preparar esses alunos para colocar em dois períodos. Em 2015, será o ano do diagnóstico para começarmos pelo Ensino Fundamental 1, que envolve 1.800 escolas. A projeção para 2016 é que possamos ter 70 mil estudantes (que ingressaram na rede estadual) em ensino em tempo integral dos 120 mil (alunos matriculados anualmente na rede), pois as escolas também precisam estar estruturadas. Em 2017, queremos subir esse número para 90 mil (estudantes). Neste planejamento é possível conseguir que, em quatro anos (em 2019, a contar do primeiro ano de governo), haja 480 mil matriculados em tempo integral. Todas as escolas estarão reformadas e estruturadas para receber esse aumento de demanda. Precisa ser um plano de Estado, com um legado que queremos deixar como irreversível. Esse projeto não está ligado à reeleição (caso seja cumprido, planejamento para toda rede estadual ter ensino em tempo integral envolveria uma terceira gestão, já que Skaf, se hipoteticamente fosse reeleito, terminaria seu mandato em 2018). Estou trabalhando para entrar agora. Uma coisa certa, bem planejada. Qualquer governador que entrar vai querer tocar. Não tenho dúvida que esse é o caminho. Mas digo como alguém sem a visão da política, que não teve a carreira construída na área pública. Penso que seria importante plantar, pois se alguém tivesse feito isso há dez anos, estaríamos em outro patamar. Você pensar em trabalhar somente para quatro anos é restringir o Estado.”

PARCELAMENTO DO IPVA EM DEZ VEZES
“Não será possível realizar o aumento no número de parcelas do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) no ano que vem. Somente em 2016, porque há necessidade de estudos e tempo hábil. É uma decisão que cabe ao governador. O município tem direito à metade, mas a forma de decidir é do governo. O IPVA foi criado em 1988, ano da Constituição, cuja a inflação era de 80% ao mês. E hoje, não é mais essa realidade e a sociedade segue penalizada. Reduzir não é o caminho, pois prejudica os caixas públicos, pois é uma boa receita. Mas parcelar é possível.”

MOBILIDADE URBANA
“Pretendo entregar 70 quilômetros de Metrô em quatro anos. É só tirar do papel e executar. Neste governo só existe teoria e não a prática. A linha 15-Prata (Vila Prudente-Cidade Tiradentes) é um exemplo. O governo só entregou uma estação. Para transporte sobre trilhos, queremos fazer por meio de PPPs (Parcerias Público-Privadas) e estradas por concessões. Esta será a forma de trabalhar, para possibilitar mais agilidade na execução dos serviços.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA
“É situação grave. Hoje existe racionamento. Primeiramente é conscientizar a população da gravidade. E, em segundo lugar, criar a possibilidade de cavar poços em áreas como a raia olímpica da USP (Universidade de São Paulo). Numa situação como esta, é preciso se criar medidas emergenciais.”

SAÚDE
“Nossa meta em quatro anos é entregar dez hospitais e 52 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades). Uma unidade (do AME) custa em média R$ 8 milhões. Se atingirmos essa meta, são R$ 416 milhões e o Orçamento da Pasta é de R$ 20 bilhões por ano. Então há recurso e é possível ser feito.

PROJETO BOM PRATO
“O projeto do Bom Prato (serve refeições no horário do almoço, com direito a bebida e sobremesa, ao custo de R$ 1 entre segunda e sexta-feira) é ótimo, mas não oferece jantar e não fica aberto nos fins de semana. Nossa proposta é estender o programa.”




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