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'Kill Bill Volume 1': para voltar ao clima
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
28/09/2004 | 15:23
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A última cena de Kill Bill – Volume 1, com sua drástica revelação para a jornada de vingança da personagem A Noiva (Uma Thurman), atiçou a ansiedade dos espectadores. Devem ter sido vários os que deixaram o cinema com um insistente “E agora? O que vai ser dela?” latejando na cabeça. Preserve as unhas porque Kill Bill – Volume 2, a parte final dessa saga feminil dirigida por Quentin Tarantino, desembarca nas telas do Brasil em 8 de outubro próximo. E para quem gostaria de relembrar ou assistir pela primeira vez à violência orgiástica do Volume 1, a hora é agora: o filme, da mesma mente que brilha responsável por Pulp Fiction e Jackie Brown, já está disponível para locação em DVD e VHS.

Acalme-se, pois as inquietações que Tarantino plantou na primeira parte serão aliviadas com o filme conclusivo – que é ótimo, diga-se de passagem. O tom é outro, distinto do napalm estético do Kill Bill inicial. Vistas na íntegra, essas quatro horas demonstram uma pretensão muito maior de Tarantino na tentativa de transmitir para a mulher, representada pela protagonista, todo o poder (físico, sentimental, político) que ancestralmente a oprime.

No Volume 1, A Noiva abre a cena desconjuntada, com a fisionomia arrebentada até ser baleada na cabeça por Bill (David Carradine), seu ex-amante e ex-líder das Divas, grupo de assassinos profissionais ao qual a protagonista pertencia, sob o codinome Mamba Negra. Pouco adiante, ficarão conhecidos os fatos: ela foi atacada durante a cerimônia de seu casamento e estava grávida na ocasião.

A loira sobrevive e passa quatro anos em coma. Uma picada de mosquito – atenção para a ironia da cena dentro do contexto do filme – a desperta, enquanto um amigo do enfermeiro que lhe pajeia tenta estuprá-la. Chegou a hora da vingança, a qual Tarantino aponta, de forma bastante banal, que é prato melhor apreciado se consumido frio.

Na lista manuscrita, constam cinco alvos que devem ser eliminados durante a vendeta: Vernita Green (Vivica A. Fox), O-Ren Ishii (Lucy Liu), a caolha Elle Driver (Daryl Hannah), Budd (Michael Madsen) e o capo dos matadores, Bill. A propósito, à simples menção do nome de seu principal inimigo, A Noiva persuade um mestre ferreiro aposentado (Sonny Chiba) a lhe forjar uma espada especial para seu extermínio.

Tarantino liga então sua centrífuga de referências, de filmes B do oriente ao western spaghetti de Sergio Leone, do mangá japonês ao dilúvio de sangue peculiar do gore, espécie de filme de terror atraído pelos excessos. Discute não só a feminilidade e seus históricos opressores, como também os diferentes objetivos que o cinema tem enquanto arte e entretenimento. Se Kill Bill pela metade já é bom, Kill Bill em dois volumes é melhor ainda – e você poderá conferir isso dentro de duas semanas.




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