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Círio reúne 2 mi em louvor à Virgem
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
13/09/2006 | 20:11
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Todos os anos, uma multidão de fiéis toma conta das principais ruas de Belém para participar de um dos maiores eventos religiosos do mundo: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, realizado sempre no início de outubro, quando o Pará literalmente pára para ver a estátua da Virgem passar. Os motivos que levam 2 milhões de pessoas a disputar cada centímetro quadrado das vias públicas da capital para acompanhar a procissão são inúmeros: fé, devoção, agradecimento a graças alcançadas, pedidos de cura, casa própria, casamento, emprego, aprovação em concursos... Mas seja qual for a intenção, um mesmo pensamento une a todos: o de adoração à padroeira de Belém.

Os números são proporcionais ao tamanho da fé. Segundo dados da Paratur, em 2005 o Estado arrecadou R$ 250 milhões com o Círio e viu o número de empregos formais crescer 30%.

Este ano, as homenagens começam no dia 7, quando uma romaria fluvial composta por mais de 600 embarcações partirá da vila de Icoaraci às 8h, levando a imagem da santa a bordo, até alcançar o cais em frente a Estação das Docas. No mesmo dia, a partir das 18h, haverá o cortejo conhecido como trasladação da capela do colégio Gentil Bittencourt até a igreja da Sé. É de lá que partirá, às 6h do dia seguinte, a grande procissão do Círio rumo à basílica de Nazaré.

O trajeto, de 5 km, costuma levar de quatro a seis horas para ser concluído, conforme o ritmo dos devotos. Tempo, aliás, que pode parecer curto aos que assistem e longo àqueles que se dispõem a acompanhar a procissão carregando gigantescas cruzes de madeira nas costas como forma de pagar promessas.

Até para o mais ateu dos espectadores, fica difícil não se emocionar diante da imagem de pés ensangüentados, bocas secas a clamar por água, crianças assustadas e macas com pessoas desmaiadas passando sobre os rostos suados da multidão. Vez ou outra, uma lata de refrigerante é passada de mão em mão sobre as cabeças para matar a sede dos devotos agarrados à corda.

História – Tudo começou quando um pescador encontrou uma imagem de Nossa Senhora e decidiu levá-la para casa. Diz a lenda que, por várias vezes seguidas, a estátua sumiu da residência e reapareceu, milagrosamente, no local onde havia sido encontrada. Diante da insistência da padroeira, foi erguida uma basílica no lugar e uma enorme romaria passou a reconstituir o caminho feito pelo pescador.

A primeira procissão data de 1793, com o transporte da imagem em um carro de boi. A berlinda e sua corda surgiram apenas em 1855, quando fiéis utilizaram a corda de uma embarcação para vencer o atoleiro provocado pelo transbordo da Baía de Guajará. A “moda” pegou e, hoje, a corda – de 400 m e meia tonelada – constitui um dos principais símbolos do elo entre a Virgem e os fiéis, que se acotovelam, descalços, para ter o privilégio de, pelo menos por alguns instantes, conseguir puxar a corda, formando um autêntico cinturão humano em torno da berlinda.




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