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Yeltsin comemora 68 anos em clima de fim de mandato
Por Do Diário do Grande ABC
29/01/1999 | 10:52
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O presidente russo, Boris Yeltsin, completa nesta sexta-feira seu 68º aniversário doente e politicamente enfraquecido, em um clima de fim de mandato, que desperta as ambiçoes presidenciais de seus rivais muito antes do fim previsto de seu mandato, no ano 2000.

Fisicamente debilitado, Yeltsin continua decidido a nao abrir mao oficialmente de nenhuma parcela de seu poder. Esta semana, de sua cama de hospital, recusou brutalmente uma proposta de seu primeiro-ministro, Evgueni Primakov, que sugeriu limitar as prerrogativas do Presidente. Em troca, o Parlamento teria decidido nao destituir o chefe de Estado e nao fazer cair o governo.

O fato de o ex-ministro das Relaçoes Exteriores, considerado um aliado fiel de Yeltsin, ter se atrevido a fazer esta proposta mostra o declive político do chefe do Kremlin, que está no poder na Rússia desde 1991.

"Boris Yeltsin nunca esteve tao politicamente enfraquecido como agora, com exceçao talvez de 1993", antes de se decidir abafar a rebeliao do antigo Parlamento soviético que bloqueava suas funçoes, segundo o cientista político Serguei Markov.

"Ele está confrontado a toda classe política russa, que quer vê-lo partir, em caráter voluntário, se for possível", continuou o analista.

A maior parte dos candidatos em potencial ou declarados às eleiçoes presidenciais de junho do ano 2000, como o prefeito de Moscou Yuri Lujkov, o general Alexander Lebed e o ex-líder do partido comunista, Guennadi Ziuganov, pedem regularmente sua renúncia.

Embora a Constituiçao de 1993, feita sob medida para Yeltsin, torne extremamente difícil a destituiçao do chefe de Estado, os deputados russos decidiram empreender o procedimento. Mas, ao mesmo tempo, enquanto o chefe de Estado nao interferir nos assuntos políticos e diante de sua recusa de deixar o poder, parece desenhar-se um consenso para deixar Yeltsin onde está.

"Há, antes de tudo, um desejo de estabilidade, ninguém quer eleiçoes antecipadas", considerou o cientista político Evgueni Volk. "A classe política parece disposta a deixar que Yeltsin reine como a rainha da Inglaterra, mas sem dirigir o país", continuou.

"A única possibilidade existente para Boris Yeltsin é a 'demissao suave': ele mantém o título de Presidente, nao se mete na direçao do país pelo governo e nao faz nenhuma visita ao exterior", destacou outro analista político, Andrei Piontkovski.




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