Esportes Titulo Desafio
Andreense vai em busca do ouro no vôlei sentado do Parapan-2019

Vanessa supera lesões, aposentadoria precoce e aposta todas as fichas nos Jogos de Lima

Por Anderson Fattori
Dérek Bittencourt
23/08/2019 | 07:00
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


Atletas são movidos a desafios, mas também por sonhos. É em busca do seu que a andreense Vanessa Seracinskis está atrás. Ex-jogadora de vôlei profissional, ela superou doenças degenerativas na perna esquerda que a tiraram de ação, mas agora, após período de aceitação, encontrou outra motivação para continuar no esporte e será uma das 12 jogadoras da Seleção Brasileira de vôlei sentado nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, que começam hoje (leia ao lado).

Aos 42 anos, Vanessa sabe que esta, talvez, seja sua última chance como atleta. Ela atuou no vôlei de quadra dos 16 aos 27 anos e teve de parar precocemente em 2015, quando acumulou problemas como gonartrose (osteoartrose do joelho), hipotrofia (insuficiência de nutrição de um órgão) e diminuição de amplitude de movimento da perna esquerda. Ela foi enquadrada como para-atleta, mas com o menor nível de deficiência, tanto que só é permitido ter uma jogadora como ela por vez na quadra do vôlei sentado. Além de conquistar vaga na Paraolimpíada de Tóquio-2020, ela sonha em criar time da modalidade em Santo André ou alguma outra cidade do Grande ABC.

“Minhas lesões ocorreram pelo tempo que joguei, fui ficando limitada, hoje não consigo correr, nadar ou pedalar. Conhecia um estatístico da Seleção Brasileira de vôlei sentado e percebi que podia jogar. Disputei meu primeiro Brasileiro em 2016, nunca tinha colocado o glúteo no chão, como a gente fala. Foi uma emoção como se estivesse de pé. No fim de 2018 consegui equipe em São Paulo, a ADD (Associação Desportiva de Deficientes) e comecei a treinar regularmente. Fui convocada em março e estou na Seleção Brasileira”, comemorou Vanessa.

Moradora de Santo André, ela sonha com o dia em que poderá jogar perto de casa. Vanessa explica que não existe complicações para se adaptar uma quadra de vôlei convencional. “A rede fica a 1,05 m do chão e a quadra é um pouco menor, tem 12 m por 5 m, mas são colocadas fitas. Não tem grandes problemas, precisamos só do espaço”, cobrou.

Apesar da dificuldade, Vanessa anda, algo incomum entre as jogadoras da modalidade, e disse que a maior dificuldade para se adaptar foi o deslocamento dentro da quadra. “Só utilizo uma perna para me mexer. Muito mais difícil do que jogar em pé. A velocidade de reação tem de ser mais rápida”, explica ela. “Apesar de ser a mais velha da Seleção, sou uma das mais inexperientes. Parece que tenho 30 anos. Estou com muita disposição”, assegura.

Grande ABC terá nove atletas entre os 337 brasileiros que buscarão tetra

O Grande ABC estará representado nos Jogos Parapan-Americanos de Lima. Nove atletas da região – incluindo Vanessa Seracinskis, do vôlei sentado, vão competir na capital peruana: o também andreense Alessandro Rodrigo da Silva (do arremesso do disco), os são-caetanenses André Grizante (ciclismo de estrada) e Regiane Nunes (natação), os mauaenses David Lincoln Santos (atletismo) e Evelyn Vieira de Oliveira (bocha), e os são-bernardenses Antonio Tenório (judô), Rebeca Souza (judô) e Veronica Hipolito (atletismo).

Os nove estão inclusos entre os 337 brasileiros que vão em busca do tetracampeonato consecutivo para o País no quadro geral de medalhas. A delegação verde e amarela será composta por 513 pessoas.

Apesar de as primeiras competições terem acontecido ontem, a cerimônia de abertura acontecerá hoje – os jogos se encerram em 1º de setembro. O porta-bandeira brasileiro será Leomon Moreno, bicampeão mundial de goalball.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;