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Indy vai por água abaixo em São Paulo
Derek Bittencourt
do Diário do Grande ABC
02/05/2011 | 07:28
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Nario BArbosa/DGABC


A Fórmula Indy teve ontem a prova de que de nada vale estrutura, organização e tudo feito da melhor forma possível para que o evento aconteça: quando depende-se das condições do tempo, tudo isso não vale absolutamente nada. Se a etapa de São Paulo foi fixada no mês de maio para fugir do Carnaval e das chuvas, não adiantou muito, afinal o dilúvio sobre o Circuito Anhembi na tarde de ontem adiou a corrida para hoje, 9h, a partir da 15ª volta (14 ainda foram completadas antes de o sertão virar mar - os portões não estarão abertos a todo o público; a entrada será realizada mediante apresentação do ingresso de ontem.

A festa estava preparada, tudo corria bem, as arquibancadas com capacidade para 46 mil pessoas recebiam exatos 41.230 fãs da velocidade, os cantores Luan Santana e Luciana Melo interpretaram os hinos nacionais brasileiro e norte-americano, os caças da FAB (Força Aérea Brasileira) marcaram presença, mas vieram acompanhados da chuva torrencial que meia hora antes da largada decidiu dar o ingrato ar da graça.

Alguns pilotos, mais pessimistas, optaram por acertar seus carros para pista molhada, apostando na permanência do tempo ruim, casos das Penske do líder Will Power e do quarto colocado Ryan Briscoe. Outros, porém, tinham confiança no cessar do mau tempo e pagaram o preço com rodopios e perda de aderência.

Quando a intensidade da chuva diminuiu, veio a largada e, assim como o esperado, o ‘S' do Samba fez as primeiras vítimas: Helio Castroneves, que foi tocado por Dario Franchitti e ficou no muro, Danica Patrick e Simona De Silvestro, que colidiram atrás do brasileiro, e Tony Kanaan, que foi acertado na mão esquerda pelo carro de Danica. Todos abandonaram a prova. O vice-líder Ryan Hunter-Reay passou reto pela curva e parou na barreira de pneus. Sem danos ao carro, voltou à prova.

Depois de algumas voltas para retirada dos carros a relargada foi autorizada e, como em repetição da primeira vez, três carros rodaram, um passou reto mas não houve maiores problemas. Pelo menos naquele momento, já que minutos depois a forte chuva voltou e formou poças, principalmente na Reta dos Bandeirantes (Marginal Tietê), local que tirou Vitor Meira da corrida após derrapagem e colisão.

A tardia decisão da direção de prova foi pela interrupção. Os carros voltaram aos boxes e até à garagem após a liberação da intervenção dos mecânicos (o que recolocou os acidentados de volta na corrida). E após ligeira melhora climática, tentativa de reinício, mas o volume de água era muito e a luz era pouca, o que definiu o adiamento da prova, com posições de relargada a partir do que estava na 14ª volta: Will Power é primeiro, Bia Figueiredo é 15ª, Raphael Matos 18º, Vitor Meira 21º, Helio Castroneves 24º e Tony Kanaan 26º.

 

Senna é celebrado após 17 anos da morte

"Olê, olê, olê, olê, Senna, Senna!" Esse foi o coro de mais de 40 mil pessoas ontem à tarde, no Circuito Anhembi, que arrepiou aos presentes que prestaram sua homenagem a um dos ícones mais importantes da história do automobilismo, o tricampeão da Fórmula 1, Ayrton Senna. Ontem, 1º de maio, completou-se 17 anos da morte do piloto, no Circuito de Ímola, na Itália.

A organização da Indy também prestou sua reverência ao eterno ídolo, passando imagens nos telões espalhados por todo o complexo. Mas a homenagem mais simbólica foi do piloto brasileiro Vitor Meira, que estampou em seu capacete três imagens de Senna.

"Sempre fui fã do Ayrton, e tenho certeza de que ele também está no coração de grande parte dos pilotos aqui. Nós nunca esquecemos dele. Lembro muito bem do dia 1º de maio de 1994, quando infelizmente ele faleceu. É apenas uma maneira de dizer que ele ainda está em nossas lembranças. Eu o coloquei no meu capacete e queria fazer alguma coisa individualizada, por respeito ao que ele significou para mim", disse Meira.

Quem também participou da festa foi a irmã de Ayrton, Viviane, que deu a bandeira verde para a largada da corrida. Pena que a prova não teve o prosseguimento esperado para fechar com chave de ouro a reverência.

 

Brasileiros se dão bem com adiamento, mas discordam da decisão

Para três dos cinco brasileiros que largaram ontem no Circuito Anhembi, o adiamento da prova foi positivo. Helio Castroneves, Tony Kanaan e Vitor Meira, que a princípio envolveram-se em acidentes e saíram da prova, terão a oportunidade de retornar. De fato, terão voltas em desvantagem aos demais pilotos, mas têm a chance de somar valiosos pontos pensando no campeonato.

Mas a positividade não significa que todos concordem com a decisão de a prova ser disputada hoje. "Estava muito escorregadio, não dava para relargar. Se alguém roda na reta do Sambódromo podia ser fatal...", disse Castroneves, da Penske. "Temos de pensar no espetáculo e quem pagou quer ver corrida, devemos fazer de tudo para que ela aconteça", completou Meira, da A.J. Foyt. "Dava para continuar, mas o problema era o tempo, pois já ia escurecer. Podiam deixar a corrida rolar e encerrar quando não desse mais, dava os pontos pela metade e resolvido", discordou Kanaan, da KV.

E mesmo aqueles que não tiveram problemas também conflitam os discursos sobre o adiamento da prova. "Foi a decisão correta por causa das condições", disse Raphael Matos, da AFS, que vai relargar na 18ª posição após rodar enquanto a chuva caía fortemente sobre o Anhembi e despencar do nono lugar. "Na segunda vez dava para continuar. Na primeira estava escorregando até na segunda marcha", posicionou-se Bia Figueiredo, da Dreyer & Reinbold, que preferia a realização da prova.

Em bate-papo informal com torcedores antes da decisão do adiamento, Vitor Meira fez observação correta: "Como é que vão interditar a Marginal (Tietê) amanhã (hoje), plena segunda-feira", disse.




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