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Tudo para fisgar os adolescentes
Mauro Trindade
Da TV Press
03/10/2008 | 07:00
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O aniversário de cinco anos do Pânico na TV, da Rede TV!, não passou despercebido. Tanto que a audiência teve pico de 13 pontos no último domingo, no momento em que o programa sofre forte concorrência junto ao seu público adolescente: o sucesso do CQC, que a Band exibe às segundas e aos sábados à noite.

É esse segmento que tem sido cortejado pelas emissoras, pois são exatamente os adolescentes que menos vêem televisão e aumentam o número de televisores desligados em todo o País. E a produção do eletrodoméstico outrora mais querido dos brasileiros perdeu fôlego ante ao número cada vez maior de telefones celulares e computadores pessoais. Espera-se que estes últimos sejam entre 55 milhões e 60 milhões até o final do ano em todo o País.

Games, sites de relacionamento, programas de mensagem e o YouTube atraem cada vez mais quem não tem paciência para os noticiários e as novelas.

É sintomática a mudança de perfil do folhetim brasileiro que a Record tem promovido com seu Mutantes: no lugar dos velhos encontros e desencontros de amor, muita ação e efeitos especiais na tentativa de fisgar crianças.

A novela de Tiago Santiago prescinde de um enredo mais elaborado e acumula descaradamente personagens e situações de histórias em quadrinhos, seriados norte-americanos, desenhos animados e filmes de fantasia e de ficção-científica. A lógica de Mutantes não passa pela narrativa, um fluxo com começo, meio e fim, mas funciona por justaposição, numa coleção de eventos frouxamente amarrados que se misturam sem sentido.

Não é à toa que as duas novas novelas da Globo têm enredos teen. Negócio da China promete misturar muitas seqüências de ação, com todos os golpes de kung fu e correrias a que se tem de direito, com personagens leves em situações cômicas.

O núcleo romântico, que ainda permanece no centro das atenções, rapidamente deve ser ofuscado pelos comediantes da novela. É o que tem sistematicamente ocorrido na maioria das produções globais. Ciranda de Pedra pode ter tido uma produção de arte de primeira. Mas não é isso que a garotada quer ver.

Três Irmãs, a outra novela global que estreou há poucas semanas, tenta dosar o ambiente jovem com certo clima romântico e um elenco digno de novela das 21h. É mais uma tentativa de salvar o modelo do folhetim romântico que parece se aproximar de seus estertores, ao menos como tem sido apresentado. Seu autor, Antônio Calmon, tem no currículo Armação Ilimitada, uma das grandes inovações em roteiro e edição da TV brasileira, experiência que bem poderia radicalizar a novela das sete.

Pânico na TV trabalha há vários anos com a idéia de se aproximar da internet, do game e do bate-papo. Vindo de um vitorioso programa de rádio, seus produtores e apresentadores estão permanentemente à caça de novas atrações captadas dos vídeos da grande rede. É um programa que não tem o menor pudor de se aproximar do escatológico e de uma estética tosca, bruta e pornográfica até onde pode ir.

Enquanto o CQC blinda seu humor igualmente juvenil com entrevistas políticas e muita ironia, o Pânico na TV mergulha de cabeça no som e na fúria da adolescência. Um mundo sensorial.

O Pânico na TV, vai ao ar na Rede TV!, aos domingos, às 20h30, com reprise às sextas, às 23h. O CQC, da Band, é exibido segunda, às 22h15, e reprisado aos sábados, às 23h45.




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