Setecidades Titulo Não sai do papel
Morador de área de manancial
perde esperança em Diadema

Projeto, que prevê investimento de R$ 42 milhões, deveria
beneficiar 2.400 famílias instaladas no loteamento Iguassu

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
10/12/2011 | 07:00
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Moradores de áreas de mananciais de Diadema, que aguardam melhorias prometidas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento desde 2007, dizem já ter perdido as esperanças. O projeto, que prevê investimento de R$ 42 milhões, deveria beneficiar 2.400 famílias instaladas no loteamento Iguassu, Sítio Joaninha e Complexo Caviúna, mas até agora, apenas o primeiro local foi liberado ambientalmente e tem obras em andamento desde abril.

As propostas para os dois outros espaços seguem sob análise da Companhia Estadual Ambiental do Estado, que justifica a demora para liberação dos documentos à necessidade de solicitar ao município ajustes nos projetos entregues. Já o prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), diz que o imbróglio ocorre porque a Cetesb exige que a Prefeitura apresente a titularidade das áreas.

O complexo Caviúna e o Sítio Joaninha foram loteados de forma irregular há quase duas décadas e, segundo a Cetesb, o alvará para adoção do Programa de Recuperação de Interesse Social só poderá ser emitido após aquisição do domínio das glebas pela municipalidade. A companhia informou que os dois projetos deram entrada no órgão estadual em fevereiro, mas foram necessárias outras informações. A Prefeitura protocolou os complementos em 30 de novembro, mas só o estudo sobre o complexo Caviúna teve parecer favorável até agora.

O Sítio Joaninha está na divisa com São Bernardo, próximo do local onde funcionou o lixão do Alvarenga por 29 anos. Apesar disso, não há estudos que comprovem contaminação do solo. As 520 famílias carentes instaladas no local aguardam por melhorias há quase duas décadas, por isso já se mostram desacreditadas quanto à possibilidade de reurbanização.

"Aqui precisamos mesmo é do básico: água e esgoto encanado e ligação elétrica segura, mas estamos perdendo a esperança", destaca o presidente da associação de moradores do bairro, Erondino Cardoso.

Hoje, a comunidade é abastecida por caminhão-pipa três vezes por semana e utiliza energia elétrica graças ao emaranhado de fios instalados em postes improvisados. A única melhoria da qual os moradores recordam é a delimitação da estrada de terra. Não há creche, lazer nem assistência médica. Ao circular pelo local, é possível encontrar salão de cabeleireiro, duas igrejas e uma quitanda. "Quando achamos que teríamos retorno, trocaram o secretário de Habitação e todo trabalho que já tinha sido feito foi perdido."

Há quem diga que as promessas e "desculpas" são as mesmas há 20 anos. "Queremos o direito de pagar para ter infraestrutura, mas sempre escutamos a mesma desculpa: essa é uma área de manancial, por isso, a dificuldade", revolta-se o funileiro Valdeci Ferreira Melo, 51.

A doméstica Zilma Maria da Silva, 45, destaca a dificuldade que é utilizar serviços médicos. "O pronto-socorro mais próximo é no Jardim Paulina, cerca de meia hora a pé. Só para pegar o ônibus (que passa na Estrada dos Alvarenga) é preciso andar três quilômetros."

Promessas começam a sair do papel no Iguassu 

Enquanto as comunidades do Sítio Joaninha, no Eldorado, e complexo Caviúna, no Inamar, aguardam o fim de negociação entre governos municipal e do Estado, as intervenções no loteamento Iguassu começaram em abril. Estão sendo construídas 73 unidades habitacionais, com área de 58 metros quadrados, e serão requalificadas 51 moradias já consolidadas, parte do programa Tá Bonito.

As melhorias prometidas para três áreas de mananciais incluem urbanização, instalação de redes de coleta de esgoto, drenagem e abastecimento de água, obras de estabilização geotécnica, remoção de áreas de risco e de áreas de proteção permanente, trabalho social e regularização fundiária.

PAC NAVAL

Outro local que começou a receber melhorias é o Núcleo Naval. Iniciado em 2008, o projeto para reurbanização da favela já foi 64% executado, segundo a Prefeitura. Em julho do ano passado foram entregues 252 unidades da primeira etapa, sendo 204 no Conjunto Habitacional Serraria e 48 no Conjunto Piraporinha. A segunda etapa da Naval teve início em fevereiro, e os prédios estão em fase de cobertura. Foram R$ 25,5 milhões em investimentos, sendo R$ 20,5 milhões do governo federal e R$ 5 milhões de contrapartida da Prefeitura.




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