Cultura & Lazer Titulo Chacrinha
Para relembrar o velho guerreiro

'Por Toda Minha Vida' mostra nesta quinta a vida de José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha

Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
24/07/2008 | 07:00
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José Abelardo Barbosa de Medeiros era um homem tímido e reservado, mas quando estava na frente das câmeras se tornava Chacrinha, o maior comunicador que o País já viu. A Globo exibe nesta quinta-feira, às 23h30, mais um programa Por Toda Minha Vida, desta vez com a trajetória do Velho Guerreiro.

Com direção de Pedro Vasconcelos, o especial mostra desde o nascimento em Surubim (PE) até a morte, aos 70 anos, que causou comoção nacional.

Abelardo Barbosa tinha 21 anos quando decidiu ir para a Alemanha, em 1939. A Segunda Guerra o fez mudar de idéia, e ele desembarcou no Rio de Janeiro em plena ‘era do rádio' e ficou fascinado com a fama dos locutores.

O programa, que mistura cenas dramatizadas com o sósia Hélio Vernier e material de arquivo, traz trecho de uma entrevista de Chacrinha a Marília Gabriela na qual ele explica como realizou seu sonho: "As rádios paravam justamente às onze horas da noite e tocavam só boleros, poesias. Eram programas para o povo dormir. Então, eu inventei um programa para deixar o povo acordado."

O sucesso não demorou. "Era um programa muito interessante, acho que foi um dos dez melhores programas de rádio já criados em todos os tempos", afirma o humorista Chico Anysio em depoimento ao especial.

A produção também ouviu artistas lançados pelo histórico Cassino do Chacrinha, no ar por mais de 20 anos. Participam com depoimentos familiares, amigos, chacretes e artistas como Lulu Santos, Angélica, Agildo Ribeiro, Elke Maravilha, Alceu Valença e Elba Ramalho.

"Eu era o braço-direito dele, o que ele cismava fazer, fazia em cima de mim, pintava o sete, brincava, me fazia comer banana e até jaca já comi dentro de um pão que ele me deu", relembra Russo, o fiel assistente de palco, que também atua no Por Toda a Minha Vida como ele mesmo.

"Para nossa geração, não só foi o grande desembocadouro para a via pública como nos ensinou muito sobre o processo da vida artística, de ser artista", afirma o cantor Lulu Santos. Elba Ramalho concorda: "Eu fiz minha carreira, solidifiquei minha carreira, no programa dele".

Jurada do Cassino do Chacrinha, Elke Maravilha tenta desvendar o segredo de sucesso do amigo: "Ele era um mago mesmo, pegava uma pessoa, botava a mão, e a pessoa florescia."

O fato é que Chacrinha unia descontração, improviso e humor com estilo próprio. Por Toda Minha Vida relembra o sucesso das chacretes e como surgiu a idéia de coloca-las no palco.

"Eu sempre dizia para o Chacrinha: ‘você é um grande comunicador, mas vamos e convenhamos, você é um pouquinho feio. Vamos botar umas meninas para enfeitar?'. Ele falou assim: ‘Ah, vamos colocar'. E começou assim", conta José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. A princípio, eram as "tevezinhas" que passaram a ser "vitaminadas do Chacrinha" e depois ficaram famosas como as chacretes.

Os amigos e colegas revelam que ele era perfeccionista e sofria por isso. Com quase 70 anos, semanalmente, comandava um programa com mais de três horas de duração, no qual fazia questão de opinar em todas as etapas.

No rádio, na televisão, em casas noturnas e em estádios por todo o País, Abelardo Barbosa trabalhou, sem parar, por quase 50 anos. Morreu em 30 de junho de 1988.




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