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Cegos pedem reabertura de escola
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
08/05/2008 | 07:03
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A política de inclusão social para deficientes visuais em São Bernardo está parada desde agosto do ano passado. O fechamento do centro de apoio que oferecia atividades educacionais de forma gratuita, deixou, pelo menos, 80 pessoas sem estudo. O local, segundo os usuários, foi interditado por não apresentar condições físicas satisfatórias.

Lúcio Flávio Parré, 51 anos, lembra que o imóvel onde funcionava o DV2 (Deficientes Visuais 2) não contava com adaptação para o público cego. "A casa não estava preparada para nos receber. Não havia adaptação das calçadas, por exemplo, nem estrutura física. Quando chovia, entrava água dentro da casa", conta.

Apesar dos problemas operacionais, o centro era considerado indispensável para o deficiente que buscava inserção social. Entre as atividades oferecidas pela Prefeitura, as aulas de OM (Orientação de Mobilidade) e AVD (Atividades da Vida Diária) proporcionavam facilidades ao cotidiano dos deficientes. "A gente podia aprender como usar a bengala longa (que abre e fecha) e como conseguir fazer atividades simples do dia-a-dia, como passar roupa, varrer a casa ou fazer um café", completa Parré.

A coordenadora do conselho de pais de alunos do DV2, Aparecida do Carmo dos Santos, diz que a promessa feita pela Prefeitura era reabrir o centro em fevereiro deste ano. "Tivemos uma reunião com o ex-secretário de Educação, Admir Ferro, que nos garantiu que resolveria o problema, mas não cumpriu a promessa", reclama.

A filha de Aparecida, Aline do Carmo dos Santos, 20, sente falta dos ensinamentos que recebia. "Eu estava aprendendo a assinar o meu nome. Isso é muito importante para não ser considerada analfabeta, já que sei ler e escrever em braile. Só falta assinar meu nome com tinta."

A colega Maria Celma Pimenta Souza, 46, freqüentou as aulas de inclusão por quatro anos. "Lá, aprendi a ler e escrever em braile, além de fazer contas de matemática no sorobã (instrumento japonês usado para cálculos). Esses ensinamentos possibilitam que a gente quebre as barreiras sociais. Faz muita falta esse serviço", conta.

DEMORA
A Secretaria de Educação e Cultura de São Bernardo reconhece que houve uma demora de ordem burocrática, além do previsto, no processo de locação do imóvel para onde será transferido o Centro Municipal de Apoio ao Portador de Deficiência Visual Nice Tonhozi Saraiva, unidades I e II.

Em nota, a Prefeitura informa que o novo imóvel, que está sendo locado, é mais amplo, já possui elevador interno e está localizado na área central da cidade, com fácil acesso ao transporte público, a equipamentos públicos e ao comércio de forma geral - situação considerada necessária para desenvolvimento de aulas de OM e AVD. A reforma do imóvel deve ser finalizada em dois meses.

De acordo com a secretaria, porém, casos considerados prioritários estão sendo atendidos desde o início do ano.




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