Brickmann Titulo
Os presentes do mau velhinho

O vice-prefeito eleito de São Bernardo, SP, o petebista Frank Aguiar, mais conhecido como Cãozinho dos Teclados, diz que não vai tomar posse

Por Carlos Brickmann
14/12/2008 | 00:00
Compartilhar notícia


1 - O vice-prefeito eleito de São Bernardo, SP, o petebista Frank Aguiar, mais conhecido como Cãozinho dos Teclados, diz que não vai tomar posse: continua como deputado federal, muda o título de eleitor para o Piauí e, em 2010, disputa o Senado. Não se preocupa com São Bernardo: só entrou para dar um cheiro de povo à chapa (vitoriosa) do ministro Luiz Marinho E o escândalo não é este: o escândalo é outro. O escândalo é que a manobra parece legal, apesar de imoral.

2 - A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a criação de mais 6.000 vagas para vereadores em todo o País. Com isso, o número de Excelências Municipais passa de 51 mil para 57 mil (e o caro leitor, é óbvio, paga a conta). Oficialmente, os gastos das Câmaras Municipais serão reduzidos, apesar do aumento do número de vereadores, com os respectivos assessores, secretárias, motoristas etc.: o limite das despesas cairia de 8% do orçamento do município para 4,5%.

Mas isso a gente conhece: dura enquanto a imprensa estiver olhando. E, cá entre nós, por que um município precisa de tantos vereadores? Metade não seria suficiente para dar conta do serviço? Metade do número de vereadores significaria metade do número de assessores, secretárias, motoristas, carros oficiais, gasolina, pneus, manutenção, verbas para xerox, selos, cartões de visita, serviços de escritório. E, com menos gente, é mais fácil fiscalizar a Câmara.

A medida ainda tem de passar pelo plenário. Mas, se não estivermos atentos para protestar, passa numa boa. Eles ganham mais cargos e nós pagamos.

DATACOLUNA
Nesta segunda-feira sai a nova pesquisa CNI-Ibope sobre o presidente Lula e seu governo. Palpite desta coluna: altíssimo índice de aprovação. A crise existe, mas ainda não causa pânico. E Lula mantém intacta (e crescente) sua imensa capacidade de comunicação com o eleitor. Ele pode permitir que o Banco Central aumente os juros e ao mesmo tempo pedir que os juros caiam, sem dano à sua imagem.

CONVERSA DE FUTURO
A idéia é boa: reunir empregados e empregadores para discutir maneiras de, juntos, enfrentar a crise. O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá chamou empresários para conversar. Não deu certo: os empresários pediram redução de impostos (que os sindicatos não lhes podem dar), os trabalhadores pediram manutenção dos empregos (que só o mercado lhes pode dar). Resultado: por enquanto, nada. Mas outras conversas (em todo o país) devem ocorrer.

POR TRÁS DAS PRISÕES
De acordo com o Ministério Público Federal, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo é um "balcão de negócios". O presidente do TJ, Frederico Pimentel, está preso, com outros desembargadores. Segundo a Polícia Federal, o desembargador Josenider Tavares teria dito: "Sem falsa modéstia, isso aí, abaixo de Deus, nós é que botamos para quebrar". Qual o suporte de tanta corrupção? Deve haver vários - e as importações pelo porto de Vitória precisam ser investigadas. A preferência de tantos importadores por Vitória será só por suas boas instalações?

BOA IDÉIA. BOA IDÉIA?
A Câmara aprovou projeto de lei, oriundo do Senado, que permite o interrogatório de presos por videoconferência. O projeto vai agora ao presidente Lula, que pode aprová-lo (caso em que entrará em vigor) ou vetá-lo. Parece uma grande idéia: em vez de transportar criminosos de alto risco para interrogatório perante o juiz, com imensos gastos e maciça utilização de policiais, faz-se uma videoconferência, com comunicação instantânea. Mas há um problema (e quem viveu a ditadura sabe do que se trata): o prisioneiro, fora do alcance das câmeras, pode ser monitorado por policiais e, se fugir das respostas que foram combinadas, sofrerá represálias. Por que, em vez de videoconferência, em vez de levar o preso até o juiz, não se leva o juiz até o presídio, onde pode fazer o interrogatório pessoalmente e analisar as condições do interrogado?

DINHEIRO DOS OUTROS...
O "pacote de bondades" do governo federal é ótimo: está certo deixar o dinheiro nas mãos de quem trabalhou para ganhá-lo, em vez de tomá-lo para pagar burocratas. O problema é que a União faz metade da cortesia com dinheiro proveniente da arrecadação dos Estados e Municípios, que legalmente têm direito a 50% do Imposto de Renda.

...NO PROJETO ERRADO
Mas, como informa o próprio governo, a idéia é estimular o consumo. Mas ninguém com a cabeça no lugar vai sair comprando quando as empresas estão demitindo e seu emprego corre risco. O que é preciso é estimular investimentos: se as empresas investirem, o emprego estará mais seguro e os consumidores terão tranqüilidade para gastar. Carnê de prestação é ótimo mas tem de ser pago.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;