Eles estão longe de ter a potência ou o mesmo visual dos modelos superesportivos - sonho de consumo para a maioria dos apaixonados por carro -, mas são espécie de porta de entrada para quem pretende algo a mais que um hatch com motor 1.0.

Estamos falando dos hatches médios. Categoria que ultimamente está atraindo clientes aos showrooms de marcas como Volks, Hyundai, Fiat, Nissan, Peugeot, sem contar as montadoras que estão um degrau acima, como Volvo, Audi e BMW, por exemplo.

Para tentar fazer bonito ao bater de frente com a concorrência, a Fiat resolveu aposentar o Stilo e trazer o Bravo para o mercado brasileiro. Mas o fato é que o carro ainda não emplacou por aqui. Em outubro foram vendidas apenas 960 unidades. Situação diferente do Volkswagen Golf, que - no Brasil desde 1995 e devendo bastante em inovação - ainda agrada ao público e responde por 7,8% das vendas do segmento. No último mês foram 1.096 emplacamentos.

Para saber o motivo desta preferência, decidimos colocar ambos os modelos frente a frente e ver quem agrada mais na condução do dia a dia.

Antes de mais detalhes, vale explicar as diferenças mecânicas dos modelos que você vê ao longo desta página.

Por R$ 63.520, a versão Sportline do Golf avaliado traz motor 2.0 e câmbio automático Tiptronic de seis velocidades. O Fiat Bravo Absolute Dualogic é R$ 2.960 mais caro, aproxima-se do rival pela proposta, porte e pegada, mas preferiu pecar, apostando no câmbio automatizado de cinco relações para trabalhar em conjunto com o motor 1.8 E.torQ 16 válvulas bicombustível.

Quando o apito é dado (aliás, quando é dada a partida no motor), o Golf sai na frente.

Apesar de mais potente (gera até 132 cv) o Bravo tem condução mais incômoda do que o rival (120 cv). Tudo por conta das trocas de marcha do câmbio Dualogic, que, principalmente no trânsito pesado, realiza reduções inesperadas - na maioria das vezes, em momentos inadequados - cortando a elasticidade do motor e, em consequência, o embalo do veículo. Daí os famosos trancos.

A suspensão do Golf também é mais firme, como manda o gosto de quem opta por esse tipo de carro. Mas, apesar de mais macia - sem exageros - o Bravo também não deixa a desejar.

A direção elétrica rende pontos para o Bravo, principalmente na hora de estacionar - ambos têm sensor traseiro. O auxílio dado quando se pressiona o botão City no painel do Fiat exige ainda menos esforço do motorista em baixas velocidades.

VISUAL

Nenhum dos modelos é novidade no mundo automotivo, mesmo assim, ambos chamam atenção do público nas ruas, mas cada um a sua maneira. O Fiat aposta na ousadia e traz contornos arredondados e rodas diferenciadas, enquanto o Golf é mais tradicional e carrega a esportividade sem abandonar a sofisticação das linhas retas - um pouco cansativas, diga-se de passagem. E a Volks ainda nem fala sobre sua aposentadoria por aqui.

No Bravo, mais funcionalidade

Da porta para dentro, o Bravo continua chamando mais a atenção do que o rival. O painel é mais moderno e casa com o espírito esportivo do modelo. Diferentemente do Golf, que preferiu seguir a linha da família.

Enquanto o sistema de entretenimento do Golf se limita ao CD player com MP3, entrada USB e conectividade bluetooth, o proprietário do Bravo pode optar pelo sistema de navegação GPS, disponível com o item opcional Blue&Me Nav (R$ 1.290). Uma crítica: o manuseio, feito por meio do botão giratório, dificulta a vida de quem procura um destino. Merecia ser touch screen.

Apesar de não trazer volante multifuncional de série (como no Bravo), os itens do Golf são mais baratos, como o teto solar, que custa R$ 2.474 a menos.

VEREDICTO

Apesar de render melhor manobrabilidade devido à suavidade do câmbio Tiptronic e ter preço sugerido mais em conta, o Golf perde este comparativo pelo pecado da defasagem; além de ter maior potência e ser mais moderno por fora e por dentro, o Bravo traz lista de série mais extensa e opcionais inexistentes no adversário.