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Estudo aponta que viário de São Bernardo é empecilho ao BRT

Consultoria feita há dez anos indica modal sobre trilhos como o ideal à Linha 18-Bronze

Aline Melo
do Diário do Grande ABC
09/05/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A decisão do governo do Estado de São Paulo sobre qual será o modal escolhido para implementar a Linha 18-Bronze no Grande ABC, se o monotrilho – de acordo com o projeto original, já licitado em 2014 – ou o BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus), está prevista para junho, mas há cerca de dez anos, estudo já apontava que o modal sobre trilhos era a solução mais adequada para a região.

Contratado pela Prefeitura de São Bernardo à época, a pesquisa foi apresentada, de forma resumida, pelo secretário executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Edgard Brandão, durante o segundo dia do 5º Encontro Íbero-Americano de Mobilidade Urbana Sustentável, em São Caetano.

O gestor apontou que considerando todo o trajeto, saindo da estação Tamanduateí da Linha 2-Verde, em São Paulo, passando por São Caetano, Santo André e São Bernardo, o trecho mais problemático está em São Bernardo, área completamente adensada e com viários já estreitos (na cidade, o trajeto do projeto original prevê que o monotrilho passe pelas Avenidas Lauro Gomes e Aldino Pinotti, contorne o Paço Municipal e margeie a Avenida Brigadeiro Faria Lima). O estudo considerou a integração da futura linha com 74% do sistema de transporte urbano.

Caso o BRT seja a escolha do governo, a construção dos corredores de ônibus podem se mostrar complicador para o projeto. “A grande complexidade é fazer a implantação de um sistema de transporte em nível, onde já existem vias bastante segmentadas, que não são largas o bastante para implantar corredores”, pontuou Brandão, que é engenheiro de formação. O gestor comparou com a implantação do corredor do trólebus, na década de 1980, onde havia espaço nas Avenidas Pereira Barreto e Lucas Nogueira Garcez.

Se há dez anos o viário de São Bernardo – e da região, uma vez que no geral, as cidades cresceram sem planejamento – já se apresentava como desafio para a implementação do sistema de transporte público de superfície, hoje a situação é ainda mais grave. Neste período, a frota da cidade cresceu 48%, passando de 401.869 veículos em 2009 para 596.716 em março deste ano, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

Se além da mudança de modal, houver também a alteração no traçado do projeto, a viabilidade financeira pode estar comprometida, uma vez que o percurso foi pensado para atrair a quantidade de passageiros que faça a operação ser rentável (com a linha em pleno funcionamento, a demanda diária estimada é de 314 mil passageiros).

SEGURANÇA
Conforme o Diáriomostrou no início do mês, especialistas avaliam que a construção do monotrilho tem potencial para aumentar a segurança no trânsito da região, uma vez que cada trem pode tirar de dez a 12 ônibus e até 500 veículos de circulação. Edgard Brandão lembrou que, durante a implementação do Corredor ABD (São Mateus-Jabaquara), não foram construídas passarelas durante o percurso pela empresa que opera o sistema, a Metra. “Em Santo André, a construção do corredor dividiu a cidade em quatro. As únicas passarelas que foram implantadas, uma foi feita pela Prefeitura (em São Bernardo) e a outra como compensação da reforma do antigo Mappin (atual Shopping ABC). “Não é crítica a nenhum governante, e sim, a falta de compensações para as cidades, que fazem parte do sistema”, pontuou. “Isso é um problema que as prefeituras não devem permitir”, concluiu.




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