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HC, 2 anos, segue incompleto

Promessa de oferecer 293 leitos na unidade de Saúde em 2015 ainda não foi cumprida

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
08/12/2015 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Inaugurado no dia 8 de dezembro de 2013 com proposta de disponibilizar 293 leitos, o HC (Hospital de Clínicas) de São Bernardo chega ao seu segundo aniversário, hoje, ainda incompleto. A meta da gestão Luiz Marinho (PT) era atingir 100% do funcionamento até o fim deste ano, mas até agora nada foi feito neste sentido.

A última movimentação aconteceu há exatamente um ano, quando, em evento de comemoração pelo primeiro aniversário, o prefeito anunciou que seriam abertos 50 leitos, sendo 30 de internação e 20 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), que se somariam aos 110 já existentes (90 de internação e 20 de UTI). Sendo assim, a oferta em UTI seria de 40 vagas, mas informação passada ao Diário em 1º de julho deste ano foi diferente: quando indagado sobre a quantidade de vagas oferecidas na rede pública de Saúde, o Executivo declarou que “o HC conta com 20 leitos de UTI adulto.” Ainda em julho, a administração ressaltou que “o processo de implantação do HC está em curso e outros 40 leitos de terapia intensiva serão implantados”, porém, sem informar quando isso se concretizaria. Procurada ontem, a Prefeitura não forneceu as informações solicitadas pela equipe do Diário, nem justificou os motivos do atraso.

A falta de leitos foi sentida na pele pela família do paciente Lucas Sousa Santos, 20 anos. Em junho, o jovem, que é portador de paralisia cerebral e gastrostomia (orifício para alimentação via sonda) ficou por 11 dias no setor de emergência do Pronto-Socorro Central de São Bernardo, com diagnóstico de choque séptico (infecção que pode se espalhar pelo organismo). A justificativa pela demora em transferi-lo para o HC era de que não havia leito disponível na unidade.

O encaminhamento só ocorreu com intervenção judicial. “A briga foi grande, fiquei traumatizada. Ainda choro muito quando me lembro de todo o sofrimento que passamos, brigando pela vaga para uma pessoa com necessidades especiais”, recorda a mãe do rapaz, Laurita Lina de Sousa, 50. “Ele poderia ter morrido no Pronto-Socorro Central”, acrescenta.

O professor da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo Victor Hugo Bigoli avalia que a demora para o cumprimento da promessa de oferecer os 293 leitos acontece por questões financeiras. “É necessário verba das três esferas, federal, estadual e municipal, para manter a qualidade no atendimento e o funcionamento dos leitos. Isso acontece quando o hospital, como é o caso do HC, atende na média e alta complexidade, pois o custo se torna muito alto, exigindo plano e cautela”, disse ele, com um anseio: “O que espero é ver a unidade funcionando em sua plena capacidade.”

O HC foi viabilizado com expressivo apoio do governo federal. A sua construção envolveu recursos de R$ 240 milhões, valor 29% maior que o firmado inicialmente. Destes, foram R$ 126 milhões da União, com compromisso de quitar 70% do custeio mensal. O Estado, por sua vez, investiu R$ 40 milhões.

Demora em exame é uma das queixas

Pacientes que utilizam os serviços do HC (Hospital de Clínicas de São Bernardo) reclamam da demora para a realização de exames. O acesso da população à unidade é feito por encaminhamento da rede municipal de Saúde, via central de regulação. O equipamento atende as especialidades de cardiologia, ortopedia, além de neurocirurgias de urgência.

O motoboy Washington Bento da Silva, 20 anos, fraturou o braço e levou 15 dias para conseguir ser encaminhado ao ortopedista. No dia 16 de novembro, foi feito pedido de tomografia para avaliar sua situação e, segundo ele, só conseguiu fazer o procedimento ontem após brigar no local. “Falei que tinha uma consulta de retorno hoje com o ortopedista e precisava dessa ressonância para dar um parecer no meu trabalho”, contou.

O auxiliar de manutenção predial Ronaldo Suni, 49, também se queixa da demora na marcação dos procedimentos. Ele sofreu um acidente de trabalho no dia 8 de outubro e machucou o pé. “Tenho uma ressonância para fazer, a ficha ficou no balcão da recepção para me ligarem quando houver vaga, mas não deram nenhuma previsão”, contou ele, que ontem passou na unidade para pegar um laudo médico com o especialista.

A Prefeitura de São Bernardo não se posicionou sobre os atendimentos prestados no HC. 




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