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Coadjuvantes salvam 'A Favorita'
Gabriela Germano
Da TV Press
02/12/2008 | 07:00
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Divulgação


Todo autor de novela precisa contar com seus núcleos coadjuvantes para que o folhetim não afunde caso a trama central não dê certo. João Emanuel Carneiro se deu bem em A Favorita. Ele não só conseguiu atores brilhantes para personagens secundários como pôde contar com a experiência de Cláudia Raia e Patrícia Pillar no posto das protagonistas Donatela e Flora, respectivamente. Mas, devido aos deslizes que ele mesmo comete, são os personagens de menor peso que fazem a novela valer a pena.

O embate entre Flora e Donatela se prolonga com equívocos que tornam a história pouco crível. Halley, de Cauã Reymond, por exemplo, nunca reconheceu Donatela. Mas ela sempre visitou a casa de Cilene - de Elizângela -, na época em que eram amigas, lá para o início da história. O tão comentado DVD que incrimina Flora e Dodi, de Murilo Benício, no caso da morte do doutor Salvatore, também já esteve nas mãos de Donatela antes de sumir. E mesmo ela não sendo boba, não foi capaz de fazer uma cópia antes de entregar o disco nas mãos do senhor Pedro, vivido por Genézio de Barros. Esse também acabou de ressurgir no folhetim, depois de ficar sumido sem explicações. São apenas alguns exemplos de falhas que deixam transparecer a fragilidade da obra.

Só mesmo a segurança em cena de Ary Fontoura como Silveirinha, e de Patrícia Pillar, sustentam a história. Além, claro, da naturalidade de Murilo Benício como canastrão para contrabalançar.
Se João Emanuel tem dificuldades para conduzir a batalha cheia de suspense que imaginou, o mesmo não acontece ao desenvolver as tramas paralelas essenciais que oxigenam qualquer novela. O autor tem conseguido 100% de aproveitamento com atores experientes como Lilia Cabral e Jackson Antunes, por exemplo. Desde o início da novela, eles já estiveram envolvidos em diferentes discussões e polêmicas, sempre agitando os capítulos na pele de Catarina e Léo.

Mas João também soube aproveitar da melhor maneira as energias de quem estava ali disponível e com uma chance de repercussão menos óbvia. Como é o caso de Suzana Faini, a amargurada Iolanda e até de Iran Malfitano, o gay Orlandinho.

A esses nichos bem-sucedidos, juntam-se interpretações de peso como a de Mauro Mendonça no papel de Gonçalo e Glória Menezes como Irene. Misturando tudo, na soma final, o resultado tende mais para o positivo. Mas sem fazer alarde, ao conquistar a média de 41 pontos de audiência com 65% de participação no País.

João Emanuel Carneiro criou armadilhas para Flora, Donatela, Zé Bob... E acabou sendo vítima delas também. Toda essa aventura caminha para a reta final e o autor não sai morto, porém ferido. Mais do que nunca ele teve com quem contar nessa empreitada. E, no final, a vilã vai se danar, a mocinha vai se salvar. Mas vai ficar a certeza de que toda essa história poderia ter sido contada de outro jeito. Um jeito mais convincente.




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