O governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), pagou 131% a mais do que o Paço de Santos pelo conjunto de uniforme de inverno à rede de ensino no contrato de 2010 que está sob investigação do Ministério Público por suspeita de superfaturamento. Enquanto a administração santista despendeu R$ 24,86 pelo kit unitário de blusão e calça, o governo são-bernardense depositou R$ 57,50 pelas mesmas vestimentas.

A comparação foi feita com base em ata de registro de preço de novembro de 2008 da prefeitura de Santos, então chefiada por João Paulo Tavares Papa (PMDB), com a licitação aberta pela secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho (PT), em 2009 e consequente contrato firmado em 2010. O Executivo da cidade litorânea firmou acordo com a Diana Paolucci S/A, enquanto o Paço do Grande ABC fechou com a Capricórnio S/A.

Cinco peças que compõem o uniforme escolar foram igualmente licitadas por ambas as administrações municipais: bermuda, camiseta de manga longa, camiseta de manga curta, blusão e calça (esses dois últimos formam o agasalho que, no caso de Santos foi adquirido o conjunto de inverno e em São Bernardo, jaqueta e calça foram compradas separadamente.

Em todos os itens a prefeitura de Santos pagou valores menores. A bermuda adquirida em Santos custou R$ 6 a unidade contra R$ 11 em São Bernardo (variação de 83%). Camiseta de manga curta (R$ 4,95 contra R$ 6,63, diferença de 34%), camiseta de manga longa (R$ 5,50 ante R$ 7,38, disparidade de 34%) e o conjunto de frio também saíram por quantia superior – no último caso, a comparação foi com o kit adquirido em Santos (por R$ 24,86) e a soma da jaqueta com a calça obtidas em São Bernardo (juntas, custaram R$ 57,50), com variação de 131%.

Contrariando a lógica atacadista de que preços tendem a diminuir em compras de maior quantidade, Marinho também comprou mais peças do que a administração de Santos. O petista distribuiu 186,8 mil kits de vestimenta escolar a alunos e docentes da rede pública. Já em Santos, o prefeito Papa licitou 100 mil conjuntos.

Em março, o Diário revelou que o governo petista de São Bernardo pagou até 30% menos em uniformes deste ano do que de 2009. A despeito de a fornecedora ser a mesma, a Capricórnio S/A, e de haver inflação de 27,13% mensurada em cinco anos, meias, bermudas masculinas, calça e camiseta de manga curta custaram menos aos cofres públicos são-bernardenses em 2014, em outro indício de sobrepreço na licitação de cinco anos atrás.

A gestão Marinho não se manifestou sobre a comparação.