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Lozada começa a formar governo de coalizão na Bolívia
Das Agências
26/07/2002 | 10:44
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O liberal Gonzalo Sánchez de Lozada começava a formar, nesta sexta-feira, um governo de coalizão para enfrentar a crise na Bolívia, depois de garantir a presidência mediante a assinatura de um acordo com o antigo rival Jaime Paz Zamora.

Inimigos por 17 anos, o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) e o Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR) eliminaram as diferenças "diante da realidade de ter um governo frágil, o que levaria, inevitavelmente, a uma Bolívia frágil", segundo afirmou o líder social-democrata nesta quinta-feira.

O ex-presidente Paz Zamora (1989-93) anunciou que "chegamos a um acordo de co-governo, que é um procedimento adotado envolvendo um compromisso programático".

O também ex-presidente Sánchez de Lozada (1993-97) classificou o acordo de "necessário e imperativo nacional", e anunciou que, "a partir de amanhã (esta sexta-feira), começaremos a formar o governo sem esperar o 6 de agosto", dia da pátria e data da transferência de mandato.

O acordo constitui uma "resposta à situação de emergência nacional", disse o futuro mandatário, que, graças a uma maioria parlamentar, será empossado como presidente pelo Congresso no próximo dia 4.

O indígena socialista Evo Morales, segundo colocado nas eleições gerais de 30 de junho e habilitado para disputar o segundo turno no Congresso, ficou sem chances depois que o MIR decidiu apoiar Sánchez de Lozada e por não conseguir uma grande adesão.

A legislação boliviana estabelece que, em casos como este, quando nenhum dos candidatos obtém a maioria absoluta nas eleições gerais, o Congresso deve escolher o presidente entre os dois candidatos com maior votação.

O acordo de unidade, que contempla responsabilidades no Executivo e Legislativo, permitirá "enfrentar a crise por que a Bolívia passa, em um momento semelhante ao de uma invasão de uma potência estrangeira", pela onda expansiva da quebra da economia regional", segundo Sánchez de Lozada. O pacto foi fechado duas semanas depois de o MIR, de Paz Zamora, ter rechaçado uma aproximação preliminar com o MNR, de Sánchez de Lozada.

O ex-presidente Sánchez de Lozada (1993-97) liderou durante a primeira gestão uma tenaz política de capitalização (forma de privatizar) das principais empresas do Estado, da qual seu antecessor, Paz Zamora, era detrator. No Plano Bolívia, assinado ontem, concordou-se em revisar e modificar o processo de capitalização "no que for benéfico para o país".

Principal força no Congresso, com 47 representantes, o MNR, que tem o apoio de 10 congressistas populistas e conservadores, e agora o do MIR - terceira força, com 31 parlamentares - alcança a indispensável maioria absoluta - 80 do total de 157 membros do Congresso - para eleger Sánchez de Lozada.

Morales disporia de 35 parlamentares e outros oito do Movimento Indianista Pachacuti, do cacique aimará Felipe Quispe, e do Partido Socialista, o que seria insuficiente para conquistar a Presidência.




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