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Grande ABC tem 13 mulheres na disputa por vagas no Executivo
Evelize Pacheco
Do Diário do Grande ABC
10/07/2004 | 18:15
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O Grande ABC terá 13 candidatas nas chapas majoritárias nestas eleições, das quais apenas três estão na disputa pela vaga de prefeito. As demais concorrem como vices ao lado dos homens. Em termos de quantidade, esse número pode ser considerado pequeno, já que há mais de 900 mil eleitoras nas sete cidades da região, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O quadro pode mostrar uma dificuldade histórica que as mulheres enfrentam para ocupar os cargos do Executivo, ainda vistos como reduto dos homens. Nas últimas eleições municipais, 14 mulheres disputaram as vagas de prefeita e vice no Grande ABC.

Outro exemplo da disparidade entre representadas e representantes, pois apenas uma cidade da região é governada atualmente por uma prefeita: a petista Maria Inês Soares, em Ribeirão Pires. No Poder Legislativo, essa diferença se mostra na Assembléia Legislativa. Há apenas uma deputada estadual na bancada da região, a também petista Ana do Carmo, de São Bernardo. Nas Câmaras da região a presença das mulheres já é mais significativa: ocupam 14,5% das 135 vagas nesta legislatura.

As mulheres ainda encontram muitos obstáculos por condicionamentos culturais para ocupar os espaços de poder, fenômeno constatado no mundo inteiro, segundo especialistas. Mesmo tendo direitos formais e preparo (seja a qualificação acadêmica ou a vivência política), as candidatas ou aspirantes a um cargo eletivo têm de conciliar suas atividades privadas com as políticas. “Somos vistas para cuidar e não de ocupar os espaços de decisão. É um papel histórico de sermos voltadas para o espaço doméstico e não para o espaço público”, afirma Vera Machado, da secretaria municipal de mulheres do PT de São Paulo.

Na avaliação da militante, mesmo os partidos não estimulam a participação das mulheres na disputa dos cargos, muitos cumprem apenas o que está garantido pela lei, como a de cotas para a formação de chapas proporcionais – que reserva 30% das vagas para as candidatas. “O partido e a política sempre foram espaços do homem, e quem tem o domínio não abre mão disso com facilidade”, disse. A dificuldade financeira para manter a candidatura é outro fator que desestimula a participação feminina.

Por outro lado, as eleitoras ainda não votam nas candidatas, o que indica ainda a interiorização deste modelo “que não sabe comandar”, característica atribuída aos homens, e que permeia todas as relações sociais, não só as políticas. “Passamos do papel de protegida para quem decide, isso é visto como a quebra da feminilidade. E a eleitora repete no voto essa imagem que faz de si”, explica Vera.

Mesmo nas novas gerações de mulheres, que estão mais voltadas para a busca de realização profissional e têm mais opções no campo privado, a participação política ainda é baixa. Muitas candidatas acreditam que esse período é transitório e que no futuro, talvez um pouco distante, a política também seja vista como um campo de atuação natural para as mulheres.




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