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André Christovam traz seu blues a São Bernardo
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
02/08/2005 | 08:49
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Dizem que blues, nesta terra em que atabaques e pandeiros ditam o compasso, é coisa incompatível, gênero alienígena. Para reverter o tabu (se é que ele ainda persiste), basta estar no lugar certo e na hora certa nesta semana. O lugar: Don Quixote Bar, em São Bernardo. A hora: a partir das 20h30 de terça-feira. O motivo: o blueseiro brasileiro André Christovam comparece à casa para apresentação única, acompanhado pela Prado Blues Band, com couvert artístico a R$ 20.

A performance desta noite se dá dois meses depois que Christovam musicou o Teatro Municipal de Santo André. Um novo e breve retorno ao Grande ABC, região da qual o guitarrista paulista foi habitué nos idos de Jazz'n' Blues, casa noturna andreense que foi a sala de estar de muito blueseiro dos bons nos anos 90.

Com a extinção do Jazz'n' Blues, o Don Quixote desponta como endereço substituto, sede regional da música que tem Chicago e New Orleans como laboratórios genéticos. Muda o ambiente, não o ritmo.

Christovam terá o acompanhamento da Prado Blues Band, formação da região considerada por outro bluesman de ponta do país, Nuno Mindelis, como os "pequenos endiabrados que representam a pós-graduação do blues brasileiro" e que leva em sua composição o guitarrista e vocalista Igor Prado, o baterista Yuri Prado, o gaitista Ivan Márcio e o contrabaixista Marcos Klis.

Prestes a lançar seu sexto disco próprio - que documenta um encontro seu com Hubert Sumlin em 2002, durante o Natu Blues Festival do qual o brasileiro era diretor musical -, Christovam desembarca em São Bernardo após despachar uma carreira de quase três décadas, dentro da qual enumeram-se parcerias suas com Raul Seixas, Marcelo Nova, o casal Rita Lee e Roberto de Carvalho, a banda Golpe de Estado e Kid Vinil.

Em São Bernardo, Christovam deve repassar sua formação musical, adquirida junto aos repertórios e trejeitos instrumentais de Eric Clapton, Jeff Beck e Jimi Hendrix, e que incide em seus cinco discos de carreira, com destaque para Mandinga (1988), álbum inaugural que dosa o ritmo gringo com versos em português; para The 2120 Sessions (1991), gravado nos Estados Unidos com o suporte de músicos que serviram a Buddy Guy; e para Banzo (2002), obra que segundo seu autor representa "uma excursão às profundezas da criação". Entenda-se criação como fator mais genérico, não restrito ao blues, uma vez que Banzo procura as associações rítmicas entre esse gênero e a percussão africana.

Nesta terça-feira, ao lado da Prado Blues Band - grupo que por sua vez orienta-se pelo reencontro com a música praticada nas décadas de 30 e 40, numa direção de resgate e reinvenção bastante próxima à de gente como Alvin Youngblood Hart -, o repertório deve ser imprevisível, como toda jam session que se preze. Não poderia ser melhor.

André Christovam e Prado Blues Band - Show de blues. Nesta terça-feira, a partir das 20h30, no Don Quixote Bar - av. Kennedy, 605, São Bernardo. Tel.: 4337-4548. Ingr. (couvert artístico): R$ 20.




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