Política Titulo Pleito interno
Sem nomeação, Dácio já designa aliados em cargos na UFABC

Mais votado no pleito interno foi indicado como vice-reitor pro tempore e tem assinado admissões

Por Humberto Domiciano
Do Diário do Grande ABC
21/03/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Mesmo sem ter sido nomeado oficialmente como novo reitor da UFABC (Universidade Federal do ABC), Dácio Roberto Matheus já começou a efetuar nomeações e exonerações na instituição de ensino.

Isso acontece porque, no dia 15 de fevereiro, Dácio foi nomeado vice-reitor pro tempore pelo atual reitor pro tempore, Klaus Capelle. Desde então, a maioria dos atos oficiais da universidade tem sido assinada pelo professor mais votado na eleição interna, realizada em novembro do ano passado.

Neste período, foram feitas diversas trocas e nomeações em cargos ligados ao comando da UFABC, como nas pró-reitorias de extensão e cultura, de graduação e de assuntos comunitários e políticas afirmativas.

Além disso, Dácio nomeou profissionais da universidade para cargos de coordenação. Cabe lembrar que as funções de pró-reitor possuem gratificação de R$ 6.467,10, somadas ao salário de docente, que varia entre R$ 16 mil e R$ 19 mil.

Internamente, as alterações na reitoria têm causado críticas entre os professores. Alguns, com medo de sofrerem represálias, relataram ao Diário que boa parte dos remanejamentos se deu após a eleição, como uma suposta forma de privilegiar aliados de Dácio.

José Alex Sant’Anna, integrante da lista tríplice enviada ao governo federal, criticou as admissões. “É uma apropriação indevida de um vice-reitor de uma reitoria pro tempore que tinha sido designada para cuidar da universidade enquanto o ministro decidia o encaminhamento com o presidente da República. Pode até ser legal, mas não entendo como legítima, pois ele (Dácio) não está nomeado definitivamente. Ele nomeia seus assessores na ausência do titular do cargo. Isso é, no mínimo, um desrespeito ao ministro.”

O Diário mostrou nesta semana que grupos de pessoas ligadas à universidade apontaram possíveis irregularidades tanto na formação do colégio eleitoral interno quanto no sistema eletrônico de votação.

O conselho universitário possui 42 integrantes votantes, dos quais 28 compareceram, exatamente o necessário para se atingir os dois terços exigidos para que a votação fosse válida, de acordo com o regulamento. No entanto, a eleição contou com duas abstenções, o que não estaria previsto, de acordo com uma nota técnica do MEC (Ministério da Educação) de 2011. Outro ponto questionado por grupos ligados aos candidatos derrotados na eleição diz respeito ao software escolhido pela reitoria da universidade.

O imbróglio acabou sendo agravado pela demora do governo do presidente Michel Temer (MDB) em divulgar o nome do novo reitor. A lista tríplice apresentada ao MEC contém também os decanos da UFABC, José Alex Sant’Anna e Ronei Miotto.

A UFABC tem relatado que todo processo eleitoral ocorreu dentro da legalidade. 




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