Lideranças do PT de Diadema e do Grande ABC veem com incerteza a candidatura do ex-prefeito José de Filippi Júnior a deputado federal. Para esses petistas, existe a possibilidade de o ex-prefeito desistir de tentar cadeira na Câmara dos Deputados caso a inviabilidade da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência se concretize com o tempo.

O ex-presidente foi condenado à prisão em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá e, em tese, teria o projeto indeferido pela Lei da Ficha Limpa.

Essa tese de Filippi não vir candidato tem como base o fato de o ex-prefeito, na avaliação desses petistas, só aceitar ser candidato com chances reais de vitória, o que a ausência de Lula no pleito não garantiria. Além de prefeito de Diadema por três ocasiões (1993-1996, 2001-2004 e 2005-2008), Filippi também foi deputado estadual (1999 a 2000) e federal (2011-2013). Às vésperas da eleição de dois anos atrás, liderava pesquisas para a disputa municipal, mas Filippi acabou rejeitando a candidatura.

A avaliação é de que, com esse currículo, o petista não aceitaria correr o risco de sair candidato e, sem Lula, perder a eleição. Também há receio de que Filippi, ex-tesoureiro das campanhas presidenciais do PT, ainda seja alvo da Operação Lava Jato. Em 2016, o ex-prefeito foi levado coercitivamente para depor.

O projeto de Filippi possui adesão majoritária no PT de Diadema, de vereadores do partido e de ex-parlamentares. Eventual desistência dele do pleito favoreceria o vereador Ronaldo Lacerda (PT), que também quer sair a federal.

O Diário apurou que Filippi enviou emissários para conversar com o parlamentar e insistir na candidatura de Ronaldo à Assembleia Legislativa. Ronaldo não teria aceitado por entender que ficaria isolado no pleito estadual, já que a maioria das lideranças do petismo em Diadema já fechou apoio aos projetos de reeleição dos deputados estaduais Teonílio Barba e Luiz Fernando Teixeira, ambos do PT de São Bernardo. Alguns, inclusive, são comissionados nesses gabinetes.

Ao Diário, Ronaldo voltou a cravar candidatura a federal “independentemente de saldo eleitoral” e da impossibilidade de Lula ser o candidato. “Vamos fazer campanha de militante, em defesa do PT, que é nosso maior patrimônio, um partido que a gente construiu com os trabalhadores”, disse.

Filippi não atendeu aos contatos do Diário.