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Igreja russa quer canonização de ex-monarca
Por Da AFP
06/02/2003 | 12:08
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Uma corrente nacionalista da Igreja Ortodoxa russa está há vários meses fazendo campanha pela canonização do czar Ivan, o Terrível (1530-1584), e do monje Grigori Rasputin (1872-1916), curandeiro, místico e conselheiro do último czar da Rússia, Nicolau II. As propostas, no entanto, enfrentam um "niet" redondo por parte do patriarca Alexis II.

Vários sites e publicações religiosas e nacionalistas movimentam a campanha, na qual apresentam o czar do século XVI como um homem piedoso e caridoso e Rasputin como um mártir que protegeu o último czar e que foi assassinado por maçons.

Os promotores da canonização classificam de "calúnias" a crueldade e os crimes ordenados por Ivan, o Terrível, e as supostas orgias de Rasputin. Este movimento se inspira em "um fenômeno de contracultura, uma religiosidade popular surgida nos anos 40 do século passado", explicou o historiador Alexei Beglov, especialista em Igreja Ortodoxa russa.

Na época em que a repressão staliniana era muito grande, camponeses de algumas regiões afastadas viam a situação como o reinado do Anticristo, e distanciaram-se da sociedade, negando-se a votar, trabalhar e até freqüentar as igrejas autorizadas pelos comunistas. Alguns consideravam Nicolau II um novo Messias, cujo sacrifício redimiu o povo russo, e Rasputin como seu precursor, como João Batista foi para Jesus.

Esta corrente vive atualmente um certo "renascimento", alimentado pela ideologia anarquizante que se expressa, por exemplo, no movimento contra a atribuição de um número fiscal para cada cidadão, avalia Beglov.

Para os defensores dessa corrente, a canonização de Nicolau II e de sua família como "mártires" é insuficiente. "São seitas que, apesar de pouco numerosas, fazem muito barulho. Algumas se situam na periferia da Igreja Ortodoxa, outras à margem", disse Alexandre Dvorkin, encarregado da questão das seitas no Patriarcado de Moscou. Segundo ele, essa corrente atrai várias pessoas de nível cultural muito baixo.

O patriarca Alexis II, sumo pontífice da Igreja Ortodoxa russa, no entanto, se pronunciou diversas vezes contra a canonização de Ivan, o Terrível, o qual considera culpado pela morte de milhares de inocentes.

"Da mesma maneira, não há nenhuma razão para pedir a canonização de Grigori Rasputín, cuja moral duvidosa lançou uma sombra sobre os futuros mártires da augusta família de Nicolau II", declarou o patriarca recentemente.




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